Na próxima postagem estarei dando continuidade à minha avaliação de diversas bíblias eletrônicas existentes no mercado.  Neste momento, gostaria de postar uma resposta que enviei por email a uma amiga que estava preparando um trabalho de faculdade. Ela me fez duas perguntas:

Até Newton, pelo menos, o tempo era considerado como uma entidade absoluta, uma linha que fluía continuamente para o futuro, lançando cada evento ocorrido para o passado. Media-se a duração de um evento de forma análoga à distância entre dois pontos num determinado espaço. A física newtoniana foi responsável pela concepção do universo mecânico que funcionava como um relógio, cujas leis não podiam ser violadas. Trata-se de um teoria determinística, o que significa que conhecidas as condições físicas do sistema por ela descrito em um dado instante, é possível conhecer exatamente o seu comportamento no futuro.   

Esse conceito absoluto do tempo passou a ser constestado, tanto no âmbito da Filosofia, quanto no da própria Ciência. Destacaram-se na primeira Hume e, principalmente, Immanuel Kant para quem o tempo era uma espécie de intuição, um constructo da mente humana, algo inexistente fora da consciência. Considero-me privilegiado por ter lido as três maiores obras desse filósofo alemão: "A Crítica da Razão Pura", "A Crítica da Razão Prática" e a "Crítica do Juízo". Tais afirmações, de alguma forma representaram o resgate de idéias antigas que remontavam aos filósofos da antiguidade grega, tais como Parmênides e Zenão de Eléia. 

Com o advento da Física moderna, a dimensão temporal é reinterpretada completamente,  graças às teorias da relatividade geral e especial de Einstein e, ultimamente, em virtude de experiências no campo da mecânica quântica, que investiga eventos no mundo sub-atômico. Einstein assombrou o mundo com o idéia, solidamente demonstrada, da relatividade da velocidade. Os instantes em que ocorrem os eventos e os intervalos de tempo que estes eventos duram, deixam de ser independentes do referencial inercial que os observa, passando a depender da coordenada paralela à velocidade onde o evento ocorre.  Isso significa que dois eventos que parecem ser simultâneos para um observador podem ser considerados sucessivos para outro. Ora, se a velocidade é relativa, deduz-se daí que o tempo também o é, pois a velocidade é medida através de variáveis espaço-temporais.  

Também a Física Quântica apresentou ao mundo fenômenos bizarros na dimensão atômica: elementos que se comportam tanto como partícula quanto como onda; fotóns que são detectados em dois lugares ao mesmo tempo; elétrons cuja posição e velocidade não podem ser medidas ao mesmo tempo (Teoria da incerteza de Heisenberg).

Acho, particularmente, que a definição do conceito de tempo continua indefinida. O atual estado de coisas tem permitido a emergência de teorias mirabolantes que falam: sobre viagem no tempo; deslocamentos de um ponto a outro do universo através de "buracos de minhoca". Também existe a teoria de que o tempo é uma simples ilusão. Isso nos lembra o que Agostinho disse há séculos atrás: "A rigor, não existem três tempos, passado, presente e futuro, mas somente três presentes: o presente do passado, o presente do presente e o presente do futuro"

Conforme depreendemos do que foi dito acima, pode-se concluir logicamente que o tempo é meramente um produto, ou melhor, uma propriedade que veio no "pacote" de nosso Universo. O tempo está intrinsicamente ligado à existência de partículas e forças. Por exemplo, a terra gravita em torno do Sol por que este distorce o espaço fazendo com que a terra o circunde como uma bola que se mantem girando na borda de uma funil graças a uma certa velocidade constante.  A força gravitacional, ao distorcer o espaço, também distorce o tempo, levando-nos naturalmente a formular teorias de viagens no tempo. Dizem, inclusive, que os buracos negros podem ser portas para outros universos.  Se dissermos também que o tempo é um produto de nossa consciência, poderemos dizer, da mesma forma, que o tempo mesmo depende da existência do Universo, isso porque os humanos também são produtos do Universo. 

Perguntar sobre o "antes" do Big-Bang (início do Universo) não faz sentido, porque antes desse evento singular não havia nada, nem tempo nem espaço. Só havia o Deus Todo-Poderoso, o Ser atemporal.

Reconhecendo que o tema é bastante complexo, sugiro então que vocês assistam uma breve palestra dada por um professor de Física sobre o significado do tempo.