Por Cristiano Santana
Calma! Esse não é um artigo sensacionalista. Vamos manter a versão correta: Steve Jobs morreu de câncer no pâncreas. Mas devo lembrar que muito fenômenos têm, tanto um causa direta, como também uma causa indireta. E afirmo que o excesso de autoconfiança de Jobs foi um fator que indiretamente determinou a sua morte. Apesar de ter recebido a notícia de que estava com câncer há mais de oito anos atrás, esse excesso de autoconfiança do co-fundador da Apple levou-o a rejeitar o tratamento convencional da medicina por muito tempo. As evidências indicam que ele ainda estaria vivo e, muito provavelmente com boa saúde, se tivesse atendido aos apelos dos oncologistas no estágio inicial da doença. Vejamos as revelações da BBC Brasil.
"Em um programa da BBC exibido na noite desta quarta-feira (14), Avie Tevanian disse que Jobs tinha uma espécie de "campo de distorção da realidade", uma força de vontade que o fazia alcançar o impossível.
Tal crença o teria levado a recusar o tratamento convencional de câncer ainda no estágio inicial, quando a ação é mais eficaz na regressão da doença.
Segundo Tevanian, Jobs preferiu explorar terapias alternativas e adotar uma dieta especial.
– Steve não era uma pessoa convencional, e quando chegou a hora de tratar sua doença ele se contentou com os métodos não tradicionais. Acho que ele achava de verdade que através de meios não convencionais ficaria curado."
Outro trecho da reportagem também diz:
"Em 2004, Jobs reconheceu publicamente que tinha câncer. Naquele ano, concordou em se submeter à cirurgia. Mas o câncer já havia se alastrado.
Em entrevista ao seu biógrafo, Walter Isaacson, ele finalmente reconheceu que “deveria ter feito [a cirurgia] mais cedo”.
Sem dúvida o otimismo é um sentimento extremamente benéfico, pois nos estimula a perseguir os nossos objetivos. O pessimismo, ao contrário, é conhecido pela capacidade que tem de causar uma terrível prostração naqueles que o experimentam. É muito bom acreditar na realização de algum sonho ou na superação de algum problema.
Entretanto, a positividade pode degenerar-se numa autoconfiança irracional, sem nenhuma base racional, deixando o indivíduo cego quanto ao perigo do insucesso e até mesmo da tragédia. Com relação a esse tema, encontramos advertências bíblicas e científicas.
Talvez o maior exemplo desse tipo de confiança perigosa ou, falsa crença, esteja no capítulo 7 de Jeremias:
Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este. (Jeremias 7:4)
Apesar de todas os avisos do profeta sobre o iminente ataque dos babilônios, o povo rebelde de Jerusalém continuava confiando que estaria protegido por causa do templo de Jerusalém, o lugar da presença do Todo-Poderoso. Eram incapazes de antever a carnificina que se aproximava. O declínio espiritual e econômico de Israel, assim como a grande superioridade do exército de Nabucodonor já bastavam para que a nação ouvisse a mensagem do profeta sobre a não-resistência.
Até a fé do crente deve ser exercida de forma racional. Àqueles que têm como certa a concretização futura de um projeto, o apóstolo Tiago diz:
Agora dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, ficaremos ali um ano, comerciaremos e tiraremos o nosso lucro. E, entretanto, não sabeis o que acontecerá amanhã! Pois que é a vossa vida? Sois um vapor que aparece por um instante e depois se desvanece. Em vez de dizerdes: Se Deus quiser, viveremos e faremos esta ou aquela coisa. (Tiago 4:13-15)
Acresçamos também a advertência de Paulo:
Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia. (1 Coríntios 10:12)
Quanto ao campo psicológico, o excesso de confiança pode causar o já citado "campo de distorção da realidade". Movidos por aquilo que Freud chamou de negação de realidade, indivíduos que sofrem desse mau não têm condições de avaliar os dados objetivos que os cercam e assim calcular uma probabilidade aproximada de sucesso. Eles acabam acreditando que são capaz de atingir o impossível, mesmo diante de quadro totalmente desfavorável.
Infelizmente esse tipo de transtorno vitimiza até mesmo cristãos. Conheci uma irmã que tinha diabetes em grau avançado, mas recusava o tratamento médico por acreditar que Deus a curaria. A morte não respeitou a sua confiança.
Tenhamos portanto confiança na medida certa, avaliando corretamente o contexto em que nos encontramos e interpretando corretamente as promessas das Sagradas Escrituras. Devemos saber, exatamente, "até onde nossa mão alcança".
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