Surpreendente este mundo! As evidências indicam que Jean Willis, o grande defensor da causa LGBT no Brasil, definitivamente entrou para o clube de fãs de Ricardo Gondin. O deputado não só segue o pastor no twitter, como também elogia e divulga os seus escritos através de "retweets".
Jean já tinha gostado deste "tweet" de Gondin:
"Pendulo, penso, por muitos Pensamentos; Perduro, próximo, na penumbra da Esperança; Passeio, prolixo, no Palácio das Palavras."
Nada de mais, visto tratar-se apenas de uma manifestação de gosto por certo conteúdo de natureza poética.
Supreendente, porém, é o fato do deputado ter enxergado no texto Gorjeios e grunhidos de Gondim uma espécie de manifesto em favor da tolerância aos grupos oprimidos, incluíndo-se, nesse caso, os homossexuais.
Com um estilo elegante e quase poético, Gondim apresenta um texto persuasivo que fala sobre a necessidade de: respeitar a identidade do outro; evitar transformar as pessoas em modelos de nossa mente; coexistir pacificamente com o diferente; evitar a força bruta; eliminar os preconceitos; evitar a instalação de um teocracia evangélica no Brasil, etc.
De certo, são propostas muito nobres e que, à primeira vista identificam-se com princípios máximos do Cristianismo, sobretudo no que respeita à necessidade de tolerância.
Entretanto, devo lembrar ao Gondim que a defesa extremada de uma determinada posição pode levar à tremendas distorções. Nesse sentido, se a falta de tolerância conduz a injustiças, o excesso dela pode levar à subserviência.
Gosto muito da idéia do "justo meio" de Aristóteles que é definido como a virtude de permanecer entre o mais e o menos, na devida proporção ou na moderação prudente. O vício é, sempre o excesso ou a falta entre dois pontos extremos opostos. Com relação à coragem, por exemplo, a temeridade é o seu excesso, e a covardia é sua falta.
A necessidade da tolerância figura entre os ensinamentos mais preciosos do Senhor Jesus Cristo, mas devemos observar que o Senhor foi tolerante com quem precisava de tolerância. O mesmo Jesus que se aproximou amorosamente de prostitutas, leprosos e samaritanos também expulsou os vendilhões do templo, chamou Herodes de raposa e classificou os fariseus como raça de víboras. Recordemos também do seu conselho para que sejamos simples como as pombas, mas prudentes como as serpentes. O cristão não pode se transformar numa criança ingênua em nome do mandamento de amar o próximo.
O apóstolo Paulo, apesar de ter transmitido os ensinamentos mais lindos sobre o amor em I Coríntios 13, também nos diz que "Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens". (Romanos 12:8). Com isso ele admitiu que a paz nem sempre é possível. O apóstolo do amor também disse ao sacerdote Ananias: "Deus te ferirá, parede branqueada; tu estás aqui assentado para julgar-me conforme a lei, e contra a lei me mandas ferir?" (Atos 23;3). Paulo também não fez a mínima questão de ser tolerante com Elimás, o mágico (Atos 13:4-12).
Eis aí o justo meio! Há tempo para amar, mas também para confrontar!
Vou mais além. Não creio, de forma alguma, que Paulo demonstraria qualquer tolerância com o belicoso movimento LGBT que a qualquer preço tenta afrontar o artigo 5º da constituição que confere a todos a liberdade de consciência e de crença.
Alguém aqui já imaginou o apóstolo que escreveu os terríveis versículos anti-depravação de Romanos 1:18-32 sentado numa mesa de negociações com o movimento LGBT?
Afinal, o que tanto interessou a Jean Wyllys nesse texto do Gondim?
Sem preocupar-me em saber se a interpretação do deputado condiz com a intenção do escritor de Gorjeios e grunhidos, arrisco-me em resumir qual foi a sua leitura:
1) Jean enxergou em Gondim o arauto da paz; o idealista de um sociedade em que os cristãos conviveriam pacificamente com os gays, não só permitindo suas práticas, mas também aprovando-as;
2) Que os gays atualmente são os pintassilgos que sofrem pressão dos urubus (cristãos) para mudarem seu estilo de vida;
3) Que os urubus (cristãos) sempre permanecerão urubus e que os pintassilgos (gays) sempre serão gays.
4) Que devemos respeitar a identidade do outro. Em outras palavras, se o indivíduo é gay, pra que tentar mudá-lo?;
5) Que os oprimidos são os gays e que os opressores são os evangélicos;
5) Que os oprimidos são os gays e que os opressores são os evangélicos;
6) Que há o risco de os evangélicos instalarem uma teocracia no Brasil para sufocar os direitos dos grupos minoritários;
7) Que é possível surgir algum tipo de acordo entre os cristãos e os gays que ponha fim ao litígio, através do diálogo. Desnecessário dizer que a aprovação do PL 122 faria parte desse acordo.
Deslumbrado com o texto de Gondim, Jean postou no Twitter:
"Leiam (não deixem de ler!) este corajoso e emocionante texto do pastor e teólogo @gondimricardo..."
Ele gostou tanto da ilustração do teólogo que "twitou":
"@_Heloisa_Helena você, amada, é um pintassilgo! :-)"
e outras vez:
"Eles passarão, eu, passarinho".
Não é preciso o mínimo esforço intelectual para concluir, que "eles" (os defensores da moralidade) passarão, mas Jean e o movimento LGBT vão passarinhar.
Muito interessante é a definição de "passarinhar" no dicionário Houaiss:
1 fazer caçada de pássaros
2 levar vida de vadio; vadiar, vagabundar
3 (1899) Regionalismo: Brasil. assustar-se (a cavalgadura) 4 Regionalismo: Brasil. mexer (a cavalgadura) a cabeça, impossibilitando a colocação do freio, buçal etc. transitivo direto e intransitivo
5 Uso: tabuísmo. m.q. bolinar ('apalpar')
Em qual sentido, então, Jean vai passarinhar?
Eis o estrago: Por causa de Gondim os crentes agora são classificados de urubus e os gays de pintassilgos.
Sinceramente, acho muito ingênuo da parte de Gondin acreditar num desfecho pacífico para todo e qualquer conflito. Pura utopia! Em alguns casos o acordo vem somente ao preço da apostasia dos crentes.
Nessa história toda, resta-nos saber se Gondim escreveu esse texto inspirado na contenda entre homossexuais e os cristãos. Disso não tenho certeza, mas que Jean gostou, gostou!
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