Por Cristiano Santana
Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. (Romanos 8:18)
Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 2 Corintios 4:17
Por onde quer quer andemos, nas vastas cidades deste Brasil, nos deparamos com o famoso "slogan" da IURD: "Pare de sofrer!". Certamente esse slogam se apoia no fato psicológico de que o fim supremo que governa as ações dos seres humanos é a busca de uma vida feliz, isenta de aflições.
Sabemos porém que a oferta da IURD é uma propaganda enganosa. O sofrimento é um elemento constante da existência, muito intenso na vida de alguns, brando na vida de outros. Ele existe na vida de todos numa variedade quase infinita de gradações. Aquele que diz que não o experimenta agora com toda certeza o encontrará no futuro.
Quando lemos o jornal, ligamos a TV, saíamos na rua, conversamos com amigos, sempre nos defrontamos com a angústia. Isso acaba gerando duas reações: a de tentar ignorar o sofrimento com a tática da negação, aprisionando-o dentro da consciência; ou a reação de revolta diante desse estado de coisas, revolta que, em muitos casos, se revela em blasfêmias contra Deus, como se Ele fosse o culpado por tudo isso.
Mas a pergunta que surge é a seguinte: Se enxergássemos a vida sempre da perspectiva da eternidade, ficaríamos tão aflitos e revoltados com a questão do sofrimento? Certamente que não. Isso porque nos convenceríamos de que existe uma desproporcionalidade infinita entre os sofrimentos do presente momento e a glória do porvir. Essa conclusão pode ser obtida da leitura dos versículos que apresentamos na introdução deste artigo. Expressões como "não são para comparar" e a antítese que se faz entre a tribulação (leve e momentânea) e a glória futura (de peso, eterna) nos transmitem eficientemente essa idéia.
Podemos descobrir essa desproporcionalidade sob três aspectos:
I - A glória futura e os sofrimentos do tempo presente são desproporcionais nos seus efeitos
Assim como toda ação gera uma reação, o sofrimento gera, como consequências, traumas dos mais variados tipos, que se agrupam em duas modalidades principais: traumas psicológicos e traumas físicos, os quais, em alguns casos, acabam levando à morte. É um processo que não gera transformação, apenas degradação.
A glória que em nós há de ser revelada, pelo contrário, produzirá efeitos sobrenaturais que ultrapassam a simples constituição psicológica ou física. Ele trará consigo a transformação completa da nossa natureza (I Co 15:39-54). Seremos como o Senhor Jesus, portadores de um corpo revestido de atributos inimagináveis, glorioso, incorruptível e poderoso.
II - A glória futura e os sofrimentos atuais são desproporcionais em suas intensidades
Por mais intenso que seja o sofrimento, sabemos que ele tem um limite, e esse limite é a morte. Mas o sentimento de felicidade dos salvos será tão intenso e sublime, que, num piscar de olhos, todos esquecerão dos sofrimentos da existência terrena como alguém que esquece de um leve pesadelo quando acorda. As tribulações que vivemos agora, serão como uma densa neblina que se dissipou com a revelação do Sol da Justiça.
III - A glória futura e os sofrimentos atuais são desproporcionais em suas durações
Obviamente o sofrimento é efêmero, temporário. As aflições surgem e desaparecem como pequenos ciclos de vida. Quando são duradouras, tal como uma terrível doença congênita, não passam do tempo de vida biológico, previamente fixado pelas leis da natureza.
Diferentemente, a duração da glória que há de se manifestar nos filhos de Deus será eterna (Jo 14), uma bem-aventurança para além da vida (I Te 4:16) que não poderá ser contida pelos limites do tempo.
Conclusão:
Infelizmente o materialismo vigente tem gerado um intenso apego às coisas desta vida. As pessoas vivem como se este mundo miserável fosse um único lugar capaz de proporcionar um vida feliz. Desesperam-se, porém, ao perceber que a realidade nua e crua piora a cada instante, haja vista as catástrofes naturais, os crimes sangrentos, as doenças terríveis, etc, assolam a humanidade diariamente. O sofrimento acaba recebendo um destaque muito além do que merece. Não propomos aqui uma postura de indiferença frente à angústia, pois sabemos que ela é real. Mas a proposta que se faz aqui é que vivamos a experiência do sofrimento sempre olhando para a glória que há de se revelar aos salvos. Há um dado muito interessante nas experiências EQM (esperiências de quase morte): a maior parte das pessoas que a experimentaram esse fenômeno não queriam voltar do além, de onde estavam, pois sentiam um sensação maravilhosa. Tais experiências nos encorajam a não ter medo do que vem depois da morte. Pelo contrário, nos encorajam a ter a esperança de entrar num lar perfeito, preparado pelo nosso Deus.
E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. Apocalipse 21:4
Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam - Coríntios 2:9
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