Por: Cristiano Santana
PRIMEIRA INVERDADE: A REVELAÇÃO DIVINA NÃO PODE SER COMPREENDIDA PELA RAZÃO
"Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (I Cor. 2:14)
Os adeptos do anti-intelectualismo costumam citar esse texto para fundamentar o seu argumento de que a teologia é reprovável justamente porque representa uma tentativa de assimilar verdades espirituais através do uso da razão. Devido à ação do pecado em sua estrutura intelectual, o homem caído tornou-se incapaz de compreender as "coisas do Espírito de Deus"; é preciso que Deus abra o seu entendimento para que esse possa apreendê-las. Asseveram que a apreensão dessas verdades espirituais acontece através de um processo mais ou menos intuitivo, de natural espiritual, e que foge às categorias racionais.
Os fatos, porém comprovam que a razão é componente fundamental na recepção inicial da mensagem de salvação, assim como desempenha papel importante no processo de crescimento espiritual do crente.
Norman Geisler, comentando a forma como Tomás de Aquino abordava a relação entre fé e razão afirma que para que alguém acredite em Deus é preciso que tenha o testemunho interno do Espírito Santo. Entretanto ele concorda com Aquino ao dizer que a razão, embora não force a fé, com certeza a precede:
"Podemos acreditar (assentimento sem reserva) em algo que não é auto-evidente nem deduzido dele por uma ação da vontade. Isso, no entanto, não significa que a razão não tenha um papel anterior ao da crença. Julgamos que uma revelação é digna de crédito com base nos sinais evidente ou algo desse tipo. A razão enuncia que deve ser crido antes que se acredite."
Aquino também ensina que a fé é apoiada pela evidência provável:
"Aqueles que depositam sua fé nessa verdade, no entanto, não baseada nela, "para a qual a razão humana não oferece nenhum evidência experimental", não acreditam ignorantemente, como se "seguissem fábulas artificiais"" (2 Pe 1.16)
Mas
"Ela revela a própria presença, assim como a verdade do seu ensimento e inspiração, por meio de argumentos apropriados; e para confirmar aquelas verdades que excedem o conhecimento natural, dá manifestações visíveis de obras que ultrapassam a habilidade de toda a natureza."
O tipo de evidência positiva que Aquino usou incluía coisas como ressuscitar mortos, milagres e a conversão do mundo pagão ao Cristianismo.
Em outro trecho da Summa Teológica ele também diz a fé não é irracional:
"Refletir com assentimento é, então, característico do crente: é assim que seu ato de crença está separado de todos os outros atos da mente envolvidos com o verdadeiro e o falso."
John Stott em seu importante livro "Crer é Pensar", faz importantes declarações sobre essa postura anti-intelectualista que deprecia o uso da razão:
"O que Paulo escreveu acerca dos judeus não crentes de seu tempo poderia ser dito, creio, com respeito a alguns crentes de hoje: “Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento”. Muitos têm zelo sem conhecimento, entusiasmo sem esclarecimento. Em outras palavras, são inteligentes, mas faltam-lhes orientação.
Dou graças a Deus pelo zelo. Que jamais o conhecimento sem zelo tome o lugar do zelo sem conhecimento! O propósito de Deus inclui os dois: o zelo dirigido pelo conhecimento, e o conhecimento inflamado pelo zelo. É como ouvi certa vez o Dr. John Mackay dizer, quando era presidente do Seminário de Princeton: “A entrega sem reflexão é fanatismo em ação, mas a reflexão sem entrega é a paralisia de toda ação”."
Por toda a Bíblia Sagrada encontramos referências à necessidade da valorização da razão como importante aliada da espiritualidade:
"Porque o meu povo é gente falta de conselhos, e neles não há entendimento." (Dt.32:28)
"Não se aparte de sua boca o livro dessa Lei; antes medita nele dia e noite" (Js 1.8a)
"Portanto, o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento; os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede." (Is 5:13)
"No ano primeiro de seu reinado, eu Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falou o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos "(Dn 9.2).
"O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos." (Os 4:6)
"Errais não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus" (Mt 22.29).
"Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Rom 12:1,2)
"Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem." (I Cor 14:29)
"Persiste em ler, exortar e ensinar" (1Tm 4.13).
"Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos" (2Tm 4.13).
"Antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2 Pe 3.18).
Fica demonstrado, portanto, que não tem fundamento algum a interpretação que os anti-intelectuais dão a 1 Coríntios 2:14. Para justificar as suas bizarrices no culto eles costumam dizer que quem está na carne não consegue entender o "mistério" de Deus. Na verdade, para entender esses "retetés" é preciso jogar o cérebro fora!
Certamente o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, visto que Satanás cegou o seu entendimento para que não lhe resplandeça a glória de Cristo. Porém, uma vez alcançado pela graça transformadora do Evangelho, é-lhe assegurado participar da sabedoria divina, através da comunhão com o Senhor Jesus Cristo, o Logos (Palavra) de Deus.
Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo. ( I Coríntios 2:16)
Bibliografia:
1) Summa Teológica - Tomás de Aquino
2) Enciclopédia de Apologética - Norman Geisler
3) Crer é Pensar - John Stott
PRIMEIRA INVERDADE: A REVELAÇÃO DIVINA NÃO PODE SER COMPREENDIDA PELA RAZÃO
"Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (I Cor. 2:14)
Os adeptos do anti-intelectualismo costumam citar esse texto para fundamentar o seu argumento de que a teologia é reprovável justamente porque representa uma tentativa de assimilar verdades espirituais através do uso da razão. Devido à ação do pecado em sua estrutura intelectual, o homem caído tornou-se incapaz de compreender as "coisas do Espírito de Deus"; é preciso que Deus abra o seu entendimento para que esse possa apreendê-las. Asseveram que a apreensão dessas verdades espirituais acontece através de um processo mais ou menos intuitivo, de natural espiritual, e que foge às categorias racionais.
Os fatos, porém comprovam que a razão é componente fundamental na recepção inicial da mensagem de salvação, assim como desempenha papel importante no processo de crescimento espiritual do crente.
Norman Geisler, comentando a forma como Tomás de Aquino abordava a relação entre fé e razão afirma que para que alguém acredite em Deus é preciso que tenha o testemunho interno do Espírito Santo. Entretanto ele concorda com Aquino ao dizer que a razão, embora não force a fé, com certeza a precede:
"Podemos acreditar (assentimento sem reserva) em algo que não é auto-evidente nem deduzido dele por uma ação da vontade. Isso, no entanto, não significa que a razão não tenha um papel anterior ao da crença. Julgamos que uma revelação é digna de crédito com base nos sinais evidente ou algo desse tipo. A razão enuncia que deve ser crido antes que se acredite."
Aquino também ensina que a fé é apoiada pela evidência provável:
"Aqueles que depositam sua fé nessa verdade, no entanto, não baseada nela, "para a qual a razão humana não oferece nenhum evidência experimental", não acreditam ignorantemente, como se "seguissem fábulas artificiais"" (2 Pe 1.16)
Mas
"Ela revela a própria presença, assim como a verdade do seu ensimento e inspiração, por meio de argumentos apropriados; e para confirmar aquelas verdades que excedem o conhecimento natural, dá manifestações visíveis de obras que ultrapassam a habilidade de toda a natureza."
O tipo de evidência positiva que Aquino usou incluía coisas como ressuscitar mortos, milagres e a conversão do mundo pagão ao Cristianismo.
Em outro trecho da Summa Teológica ele também diz a fé não é irracional:
"Refletir com assentimento é, então, característico do crente: é assim que seu ato de crença está separado de todos os outros atos da mente envolvidos com o verdadeiro e o falso."
John Stott em seu importante livro "Crer é Pensar", faz importantes declarações sobre essa postura anti-intelectualista que deprecia o uso da razão:
"O que Paulo escreveu acerca dos judeus não crentes de seu tempo poderia ser dito, creio, com respeito a alguns crentes de hoje: “Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento”. Muitos têm zelo sem conhecimento, entusiasmo sem esclarecimento. Em outras palavras, são inteligentes, mas faltam-lhes orientação.
Dou graças a Deus pelo zelo. Que jamais o conhecimento sem zelo tome o lugar do zelo sem conhecimento! O propósito de Deus inclui os dois: o zelo dirigido pelo conhecimento, e o conhecimento inflamado pelo zelo. É como ouvi certa vez o Dr. John Mackay dizer, quando era presidente do Seminário de Princeton: “A entrega sem reflexão é fanatismo em ação, mas a reflexão sem entrega é a paralisia de toda ação”."
Por toda a Bíblia Sagrada encontramos referências à necessidade da valorização da razão como importante aliada da espiritualidade:
"Porque o meu povo é gente falta de conselhos, e neles não há entendimento." (Dt.32:28)
"Não se aparte de sua boca o livro dessa Lei; antes medita nele dia e noite" (Js 1.8a)
"Portanto, o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento; os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede." (Is 5:13)
"No ano primeiro de seu reinado, eu Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falou o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos "(Dn 9.2).
"O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos." (Os 4:6)
"Errais não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus" (Mt 22.29).
"Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Rom 12:1,2)
"Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem." (I Cor 14:29)
"Persiste em ler, exortar e ensinar" (1Tm 4.13).
"Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos" (2Tm 4.13).
"Antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2 Pe 3.18).
Fica demonstrado, portanto, que não tem fundamento algum a interpretação que os anti-intelectuais dão a 1 Coríntios 2:14. Para justificar as suas bizarrices no culto eles costumam dizer que quem está na carne não consegue entender o "mistério" de Deus. Na verdade, para entender esses "retetés" é preciso jogar o cérebro fora!
Certamente o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, visto que Satanás cegou o seu entendimento para que não lhe resplandeça a glória de Cristo. Porém, uma vez alcançado pela graça transformadora do Evangelho, é-lhe assegurado participar da sabedoria divina, através da comunhão com o Senhor Jesus Cristo, o Logos (Palavra) de Deus.
Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo. ( I Coríntios 2:16)
Bibliografia:
1) Summa Teológica - Tomás de Aquino
2) Enciclopédia de Apologética - Norman Geisler
3) Crer é Pensar - John Stott
(São Tiago 1,5)
Se alguém de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus - que a todos dá liberalmente, com simplicidade e sem recriminação - e ser-lhe-á dada.
A fé se torna cega quando não refletimos no que cremos.
Pois é irmão Faustini
Como disse o apóstolo Pedro "Crescei na graça e no conhecimento"
Um abraço
Cristiano