Por Cristiano Santana
Como sabemos, o orgulho é um sentimento peculiar à natureza humana, e a principal evidência da sua força é o fato de os homens buscarem, incessantemente, o reconhecimento, fama, a exaltação, enfim, a glória entre os homens.
E para atingir essa meta há um esforço contínuo de obtenção e de apresentação das qualidades e virtudes próprias, que são espécies de credenciais que o habilitam a atingir o topo do poder em sua respectiva área. Os seus títulos são trunfos que ele utiliza para destacar-se de outros homens. Na briga de trânsito a primeira pergunta que se ouve é essa: "você sabe quem eu sou?". No condomínio onde mora, o juiz exige de todos os funcionários do prédio que lhe chamem de "doutor", rejeitando, assim, o respeitável tratamento de "senhor".
Não negamos às pessoas o direito de exibir suas credenciais. É salutar colocar na contracapa de um livro os títulos acadêmicos do seu autor, ainda mais quando se trata se um livro de ciência, por exemplo. Mas, no geral, o que mais se vê são pessoas que gostam de vangloriar-se do seu "status" cultural, econômico e social, adotando um postura clara de orgulho próprio doentio. São verdadeiros narcisistas, cuja meta é humilhar e esnobar aqueles que não tem as suas qualidades. A atitude deles constitui uma verdadeira afronta aos menos favorecidos.
O apóstolo Paulo, como é de esperar, ataca frontalmente a presunção dos homens que pensam ser alguém; tinha uma verdadeira aversão àqueles que tentavam conciliar Cristianismo com privilégios e grandeza. Ele se levanta e faz uso de palavras irônicas para enfrentar os cristãos que faziam pouco caso de sua pessoa e de seu ministério e que se achavam superiores a ele. Ele tinha vários motivos para gloriar-se diante dos homens, em virtude dos privilégios e títulos que ele teve no passado. Era fariseu, doutor da lei, influente no sinédrio, versado na filosofia grega e nas culturas orientais, proveniente de uma família influente, falava várias línguas, etc.
Nosso querido apóstolo então utiliza palavras fortíssimas para confrontar aqueles que estavam inchados de orgulho. Vejamos como ele se manifesta:
"Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis. Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo (perikatharma), escória (peripsema) de todos." (I Coríntios 4:10-13)
"Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo (Skybalon), para ganhar a Cristo" (Filipenses 3:8)
Para uma melhor compreensão do que Paulo disse, faz-se necessário ter acesso à etimologia das palavras que ele utilizou: peripsema, perikatharma e skybalon, de acordo com o Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento - Edições Vida Nova.
peripsema, perikatharma: "sujeira", "refugo"
No Novo Testamento, ambas as palavras ocorrem uma só vez, em I Coríntios 4:13, com a descrição irônica que Paulo faz dos apóstolos conforme os homens os vêem ("peripsema", sentido (a); "perikatharma", sentido (b)), com a implicação que, ao assim jogarem fora a sua vida, os apóstolo trazem benefício aos outros ("peripsema", sentido (b); "perikatharma", sentido (a); ver 2 Coríntios 4:10 e seguintes; Filipenses 2:17; Colossenses 1:24)
Skybalon: "lixo" , "refugo"
Grécia clássica - No grego secular, esta palavra deprimente significa "lixo" e "refugo" de muitos tipos: "excremento, "comida podre", "fregamentos" que se deixam em uma refeição por não valerem a pena serem comidos, um "cadáver podre". O nojo e a decadência são os elementos comuns do seus significado; é uma palavra grosseira, feia e violenta que dá a entender algo sem valor, inúteil e repulsivo. Os gnóticos aplicavam a palavra ao corpo humano, para expressar o baixo conceito que dele tinham como túmulo da alma.
No Antigo Testamento skybalon ocorre uma só vez na Septuaginta, com o significado de impureza moral e imundície (Ecli. 27:4)
No Novo Testamento o uso é o de Paulo em Filipenses 3:8, onde diz, a respeito de todos os privilégios naturais e religiosos que antes pareciam doces e preciosos, bem como de todas as demais coisas que perdera depois de se tornar cristão: "Considere-as como (nada mais que) refugo". A palavra grosseira e violenta mostra quão completamente Paulo cessara de estimá-las.
Conforme foi visto acima, Paulo era visto como o "lixo do mundo". Isso não significa que ele tinha um visão negativa acerca de si mesmo e dos outros apóstolos. O fato é que os cristãos, naquela época, eram odiados por sua fé. A vida cristã era repleta de provações e de sofrimento, e foi sofrendo, através do martírio, que Paulo terminou a sua carreira da fé. As palavras que proferiu apenas apenas evidenciavam uma terrível contradição no pensamento dos coríntios. Ele estavam enganados: ser cristão não é ser grande, ser cristão não é viver uma vida de glória humana; ser cristão significa estar preparado para carregar a cruz, para suportar a aflição da perseguição e o escárnio dos inimigos do Evangelho.
João Ferreira de Almeida suavizou bastante o sentido da palavra "skybalon" em Filipenses 3:8, onde Paulo trata seus títulos e credenciais como "refugo". O sentido é muito mais forte do que esse. O apóstolo considerava seu "status" e privilégios passado como excremento humano.
É lamentável que a postura de Paulo não esteja sendo seguida como exemplo atualmente. Os homens, incluídos cristãos proeminentes da atualidade e de destaque na mídia, adoram ostentar as suas credenciais: doutor, bispo, apóstolo, articulista, conferencista, avivalista, doutor em divindade, phd., etc. Eles fazem questão de serem tratados por esses títulos; alguns inventam até aqueles que não tem.
Alguns, até com falsa modéstia dizem que são doutores nisso e naquilo, mas não ligam para isso. Somente os ingênuos não percebem que eles utilizam esse artifício para causarem admiração àqueles que os ouvem.
Que contradição, que antítese: enquanto Paulo e os apóstolos amargavam uma dura vida como a escória da sociedade, como o lixo do mundo, que desprezavam seus títulos e privilégios do passado, os grandes cristãos de hoje, viajam em jatinhos, dirigem carros BMW, hospedam-se nos melhores hotéis. Sonham que algum dia pessoas venham a erigir estátuas em sua honra. Por acaso eles são melhores que os apóstolos? Claro que não. Mas o julgamento de Deus virá sobre eles.
Caro irmão cristiano gostei muito deste seu topico ascendido no seu blog,realmente isso não e nada diferente do vemos hoje,ou talvez ate pior,,de ver os apostolos da atualidade sendo criticados por deslizes de alguns falsos mestres ,,mas amem o senhor conhece os seus,fica na graça e que o senhor continue te usando grandemente como voz da verdade !!!
Prezado irmão
Obrigado por sua visita e comentários. Hoje é fácil ser apóstolo com todo o conforto e sofisticação que envolvem o título. Queria saber se eles gostariam de ser apóstolos na época do Novo Testamento.
Imaõ cristiano naõ demora muinto, vai surgir aqueles que dizem ser a quarta pessoa da Trindada. Tem ums apostolos taõ humilde que se encontrar alguem mais humilde que eles, saõ capaz de matar. Deus continue abençoando meu irmaõ, fique na paz do Senhosr
Irmão Laerte.
Alguns já não estão satisfeitos com o título de apóstolo. Vão exigir o título de semideus.
Abraços
Cristiano
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Caro Cristiano,
Fico imaginando se esse tipo de pregador teve algum treinamento por Deus antes de iniciar o seu ministério, ou se já passou por alguma luta na vida.
Pelo tamanho da arrogância desses tais, devem ganhar um milhão por mês.
Você acredita que uma vez ouvi certo bispo dizer na televisão a seguinte pérola: “Se eu digo que sirvo a Deus e não tenho o melhor carro do ano que Deus miserável é esse?” Não acreditei no que os meus ouvidos ouviram, será que o Deus deles é o mesmo Deus dos apóstolos no tempo da igreja primitiva? Acho que não, porque não vejo os apóstolos da bíblia levando uma vida abastarda, mas passando por grandes lutas e sofrimentos.
Será que esses pastores mesquinhos suportariam o que Paulo suportou? Acho meio improvável.
Eles gostam de se intitularem mesmo como os fariseus. Mas se eles acham que os seus títulos ainda são pequenos tenho uma sugestão para eles, porque não se intitulam de querubim?
cris, no episódio ocorrido na vida de jeremias em que ficou atolado na lama jr 38.10,13 foram usados trapos velhos já rotos e cordas novas, tem que haver esta união, do trapo que é usado para não machucar assim como das cordas novas que representam a força. é desta forma que conseguiremos tirar muitas vidas do atoleiro.wm