Por Cristiano Santana
A oração do Pai Nosso é conhecida por bilhões de pessoas em todo mundo, sendo que há pessoas que se orgulham de proferi-la diariamente. Alguns a repetem dezenas de vezes durante alguns minutos; outros a enunciam na hora em que acordam; outros na hora de dormir, levantar, ir ao trabalho, etc.
Quando uma determinada prática religiosa vira um costume, corre-se o risco de automatizá-la. O seu significado espiritual perde a importância; a sua essência é totalmente ignorada e o seu exercício passa a ser um movimento totalmente mecânico, sem vida, sem dinamismo. É o que tem ocorrido com a oração do Pai Nosso. As pessoas proferem essa oração sem ter noção alguma do significado profundo de suas palavras; seus lábios as emitem, mas as suas mentes não conectam as idéias das quais as palavras são meros símbolos.
Façamos, portanto, uma reflexão sobre essa importante oração, com o fim de resgatar novamente as verdades sublimes que revela:
[Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus..]
A oração deve começar com o reconhecimento da paternidade de Deus. Torna-se necessário que aquele que busca a Deus em oração já esteja gozando de uma relação espiritual de filiação com Ele. Quem pode tratar a Deus como Pai senão aquele que através da regeneração e da adoção deixou de ser mera criatura e passou a ser filho? Há pessoas para as quais Deus é um completo estranho. Elas proferem suas orações chamando-o de Deus, Criador e até de "cara", mas aqueles que são filhos o chamam de Pai. Já há outros, como os deístas, que confiando nos poderes de abstração da razão, ignoram todos os atributos divinos e transformam a Deus em um ser totalmente impessoal e incapaz de aproximar-se dos homens. Somente aqueles que já experimentaram a comunicação da vida de Deus, o seu amor, o seu poder e a sua ternura, têm condições de chamá-lo de Pai.
[..., santificado seja o teu nome]
Visto que Deus é absolutamente santo e perfeito em todos os seus caminhos, surge a pergunta: por que devemos desejar que o seu nome seja santificado? Santificação implica mudança, mas a Bíblia declara que Deus é imutável. Surge aqui uma aparente contradição lógica e teológica.
O comentário de Barnes dissipa rapidamente essa fina névoa de dúvida: "O nome de Deus é essencialmente santo; e o significado da petição é 'Permita que o seu nome seja celebrado, venerado, e estimado como santo em todo o lugar, e venha a receber de todos os homens a devida honra'. É assim a expressão do desejo, da parte do adorador, de que o nome de Deus, ou Deus em si mesmo, seja objeto de veneração"
Devemos lembrar que nós somos agentes nesse processo de santificação do nome de Deus. Quando manifestamos uma vida cristã exemplar, abundante em boas obras e sinais de fé, os ímpios, quando observam o nosso bom testemunho, "glorificam ao nosso pai que está nos céus". O inverso ocorre quando os cristãos envolvem-se em graves escândalos; os incrédulos blasfemam o nome de Deus, afastando-se do caminho da salvação.
[Venha o teu reino]
Quando Pilatos perguntou a Jesus se Ele era o Rei dos judeus, recebeu a seguinte resposta: "O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui." (Jo 18:36). Embuído de um sentimento semelhante Paulo diz "o que resta é que não só os casados sejam como se o não fossem; mas também os que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem;e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa." (I Cor 7:29-31).
Os filhos de Deus não procuram construir impérios nesse mundo que jaz no maligno, não estão ligados a ambições terrenas e não buscam uma vida de vaidades. Eles sabem que a sua pátria não é aqui, por isso, gemem, assim como toda a criação, aguardando a redenção e o consequente estabelecimento de novos céus e nova terra; um reino celeste que não poderá ser destruído.
Deve-se ressaltar, entretanto, que o reino de Deus tem um aspecto futuro e presente. Embora esse reino tenha um significado escatológico, foi concedido aos cristãos um antegozo de seus privilégios: o reino de Deus também tem um aspecto presente; ele já se manifesta agora.
Isaias Lobão P. Jr., professor de História e Teologia, traz um descrição muito interessante desse reino que se manifesta no "agora":
O termo Reino, no grego Basileia, têm um significado dinâmico, a chave para a compreensão do evangelho de Jesus. O Reino é poder de Deus em ação entre os homens por meio da pessoa de Jesus e seu ministério. Marcos registra esta realidade presente em 9:1, "Lembre-se disto: há alguns aqui que não morrerão antes de verem o Reino de Deus chegar com poder". (Bíblia na Linguagem de Hoje). Aqui Jesus pode estar se referindo a sua ressurreição, afirmando que alguns dos seus discípulos o veriam como o vencedor da morte. Prenunciando a vitória final.
Mas fica claro aqui, que o poder de Deus se manifesta em Jesus, ele é o autobasileia, segundo as palavras de Orígenes. Para entender a expressão, autobasileia, nos lembramos da verdade expressada por João, O Verbo se fez carne, a encarnação é fundamental para a Teologia do Reino. Ela enfatiza a presença real de Deus na história, pois o ideal de Deus se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, glória como a do Pai.(Jo 1:14-15).
A chegada do Reino, não vem para cumprir as promessas de Deus em termos políticos, como era o pensamento geral na época de Jesus. Segundo René Padilla, "sua vitória é de dimensões universais. Seu exorcismo de demônios é um sinal de que, em antecipação à destruição final de Satanás e suas hostes no fogo eterno, Deus invadiu a esfera de ação de Satanás, como quem entra na casa do homem forte e o amarra antes de saquear os bens,(Mc 3:27). Seus milages de cura são sinais que apontam para a vinda do fim, quando a morte vai ser absorvida pela imortalidade.
Em diversas passagens ouvimos Jesus apregoar "É chegado o Reino de Deus" (Mateus 10:7). Paulo reforça essa natureza presente do Reino de Deus dizendo que "o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo."
O cristão, portanto, deve orar fervorosamente pela vinda do Reino, não existindo outro interesse maior do que esse. Os filhos de Deus não são como Demas que abandonou o Evangelho amando o presente século. Eles decidiram ser promotores desse maravilhoso Reino espiritual; amam propagá-lo, sentem-se privilegiados por serem seus súditos e estão dispostos a dar a vida pelo seu Rei.
Infelizmente, a realidade evangélica atual é oposta ao "espírito" do Pai Nosso. Muitas igrejas tornaram-se impérios terrenos, reinos dos homens, torres em construção que almejam tocar os céus; os seus reis são seus papas e acham que a sua dinastia será estabelecida para sempre. Mas o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores irá destroná-los e os lançará por terra e os exporá à ignomínia eterna.
Também muitos que se dizem cristãos já não vivem a realidade do Reino; expulsaram ao Senhor Jesus de seus corações, e o rei entronizado agora é o próprio "eu".
Aos cristãos sinceros fica o apelo: oremos pela vinda do Reino.
Continuaremos em outra postagem essa reflexão sobre a oração do Pai Nosso.
A oração do Pai Nosso é conhecida por bilhões de pessoas em todo mundo, sendo que há pessoas que se orgulham de proferi-la diariamente. Alguns a repetem dezenas de vezes durante alguns minutos; outros a enunciam na hora em que acordam; outros na hora de dormir, levantar, ir ao trabalho, etc.
Quando uma determinada prática religiosa vira um costume, corre-se o risco de automatizá-la. O seu significado espiritual perde a importância; a sua essência é totalmente ignorada e o seu exercício passa a ser um movimento totalmente mecânico, sem vida, sem dinamismo. É o que tem ocorrido com a oração do Pai Nosso. As pessoas proferem essa oração sem ter noção alguma do significado profundo de suas palavras; seus lábios as emitem, mas as suas mentes não conectam as idéias das quais as palavras são meros símbolos.
Façamos, portanto, uma reflexão sobre essa importante oração, com o fim de resgatar novamente as verdades sublimes que revela:
[Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus..]
A oração deve começar com o reconhecimento da paternidade de Deus. Torna-se necessário que aquele que busca a Deus em oração já esteja gozando de uma relação espiritual de filiação com Ele. Quem pode tratar a Deus como Pai senão aquele que através da regeneração e da adoção deixou de ser mera criatura e passou a ser filho? Há pessoas para as quais Deus é um completo estranho. Elas proferem suas orações chamando-o de Deus, Criador e até de "cara", mas aqueles que são filhos o chamam de Pai. Já há outros, como os deístas, que confiando nos poderes de abstração da razão, ignoram todos os atributos divinos e transformam a Deus em um ser totalmente impessoal e incapaz de aproximar-se dos homens. Somente aqueles que já experimentaram a comunicação da vida de Deus, o seu amor, o seu poder e a sua ternura, têm condições de chamá-lo de Pai.
[..., santificado seja o teu nome]
Visto que Deus é absolutamente santo e perfeito em todos os seus caminhos, surge a pergunta: por que devemos desejar que o seu nome seja santificado? Santificação implica mudança, mas a Bíblia declara que Deus é imutável. Surge aqui uma aparente contradição lógica e teológica.
O comentário de Barnes dissipa rapidamente essa fina névoa de dúvida: "O nome de Deus é essencialmente santo; e o significado da petição é 'Permita que o seu nome seja celebrado, venerado, e estimado como santo em todo o lugar, e venha a receber de todos os homens a devida honra'. É assim a expressão do desejo, da parte do adorador, de que o nome de Deus, ou Deus em si mesmo, seja objeto de veneração"
Devemos lembrar que nós somos agentes nesse processo de santificação do nome de Deus. Quando manifestamos uma vida cristã exemplar, abundante em boas obras e sinais de fé, os ímpios, quando observam o nosso bom testemunho, "glorificam ao nosso pai que está nos céus". O inverso ocorre quando os cristãos envolvem-se em graves escândalos; os incrédulos blasfemam o nome de Deus, afastando-se do caminho da salvação.
[Venha o teu reino]
Quando Pilatos perguntou a Jesus se Ele era o Rei dos judeus, recebeu a seguinte resposta: "O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui." (Jo 18:36). Embuído de um sentimento semelhante Paulo diz "o que resta é que não só os casados sejam como se o não fossem; mas também os que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem;e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa." (I Cor 7:29-31).
Os filhos de Deus não procuram construir impérios nesse mundo que jaz no maligno, não estão ligados a ambições terrenas e não buscam uma vida de vaidades. Eles sabem que a sua pátria não é aqui, por isso, gemem, assim como toda a criação, aguardando a redenção e o consequente estabelecimento de novos céus e nova terra; um reino celeste que não poderá ser destruído.
Deve-se ressaltar, entretanto, que o reino de Deus tem um aspecto futuro e presente. Embora esse reino tenha um significado escatológico, foi concedido aos cristãos um antegozo de seus privilégios: o reino de Deus também tem um aspecto presente; ele já se manifesta agora.
Isaias Lobão P. Jr., professor de História e Teologia, traz um descrição muito interessante desse reino que se manifesta no "agora":
O termo Reino, no grego Basileia, têm um significado dinâmico, a chave para a compreensão do evangelho de Jesus. O Reino é poder de Deus em ação entre os homens por meio da pessoa de Jesus e seu ministério. Marcos registra esta realidade presente em 9:1, "Lembre-se disto: há alguns aqui que não morrerão antes de verem o Reino de Deus chegar com poder". (Bíblia na Linguagem de Hoje). Aqui Jesus pode estar se referindo a sua ressurreição, afirmando que alguns dos seus discípulos o veriam como o vencedor da morte. Prenunciando a vitória final.
Mas fica claro aqui, que o poder de Deus se manifesta em Jesus, ele é o autobasileia, segundo as palavras de Orígenes. Para entender a expressão, autobasileia, nos lembramos da verdade expressada por João, O Verbo se fez carne, a encarnação é fundamental para a Teologia do Reino. Ela enfatiza a presença real de Deus na história, pois o ideal de Deus se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, glória como a do Pai.(Jo 1:14-15).
A chegada do Reino, não vem para cumprir as promessas de Deus em termos políticos, como era o pensamento geral na época de Jesus. Segundo René Padilla, "sua vitória é de dimensões universais. Seu exorcismo de demônios é um sinal de que, em antecipação à destruição final de Satanás e suas hostes no fogo eterno, Deus invadiu a esfera de ação de Satanás, como quem entra na casa do homem forte e o amarra antes de saquear os bens,(Mc 3:27). Seus milages de cura são sinais que apontam para a vinda do fim, quando a morte vai ser absorvida pela imortalidade.
Em diversas passagens ouvimos Jesus apregoar "É chegado o Reino de Deus" (Mateus 10:7). Paulo reforça essa natureza presente do Reino de Deus dizendo que "o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo."
O cristão, portanto, deve orar fervorosamente pela vinda do Reino, não existindo outro interesse maior do que esse. Os filhos de Deus não são como Demas que abandonou o Evangelho amando o presente século. Eles decidiram ser promotores desse maravilhoso Reino espiritual; amam propagá-lo, sentem-se privilegiados por serem seus súditos e estão dispostos a dar a vida pelo seu Rei.
Infelizmente, a realidade evangélica atual é oposta ao "espírito" do Pai Nosso. Muitas igrejas tornaram-se impérios terrenos, reinos dos homens, torres em construção que almejam tocar os céus; os seus reis são seus papas e acham que a sua dinastia será estabelecida para sempre. Mas o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores irá destroná-los e os lançará por terra e os exporá à ignomínia eterna.
Também muitos que se dizem cristãos já não vivem a realidade do Reino; expulsaram ao Senhor Jesus de seus corações, e o rei entronizado agora é o próprio "eu".
Aos cristãos sinceros fica o apelo: oremos pela vinda do Reino.
Continuaremos em outra postagem essa reflexão sobre a oração do Pai Nosso.
veja sobre a explicação do Pai nosso proferida por Lutero, sem dúvida é muito interessante.
Choveu no molhado. A oração dada por Cristo não é para ser "entendida", sim para ser sincera; e é melhor o "automatismo" do que as intenções soberbas, presunçosas. Deus sabe o que faz.
isso é ridiculo, acreditar cegamente em qualquer coisa é para os idiotas que nada sabem e que se apegam às conclusoes de qualquer um e se esquecem de criar as suas próprias. entretanto pela explicaçao do "venha a nós o teu reino" é algo claro, o reino virá e nao nós vamos até ele. nós nao precisamos entender com riqueza de detalhes como o futuro vai ser, temos uma profecia boa e agradavel para ele e isso já basta...