Por Cristiano Santana
Nesta semana foi noticiado que o missionário R. R. Soares renovou um contrato milionário com a Band. Assim o "Show da Fé" continuará ocupando o horário nobre dessa emissora, não mais por 20 minutos, mas por quase 1 hora.
Além do missionário, Silas Malafaia e outros telepastores ocupam boa parte da programação da Band e de outras emissoras. Atualmente é grande a chance de nos deparar com um programa evangélico quando trocamos de canal. Devemos observar também que uma das emissoras, a Record, foi comprada pela Igreja Universal do Reino de Deus pela bagatela de 45 milhões de dólares.
Diante dessa invasão da TV pelas igrejas, ocorreu-me um pensamento:
E se finalmente todos as emissoras de TV fossem adquiridas pelos crentes?
Seria um triunfo do Evangelho no Brasil? Uma vitória da luz sobre as trevas?
Sinceramente, não tenho muitos motivos para alegrar-me com essa situação hipotética. E antes que venham dizer "que isso irmão?", "não deixa o diabo te usar", "Jesus mandou pregar o evangelho a toda criatura", quero apresentar abaixo as minhas justificativas para pensar assim.
Desvio de finalidade
Não consigo enxergar uma finalidade evangelística nessa tentativa desenfreada de conquistar a TV. Vejamos o caso da TV Record. A maior parte da sua programação presta-se à aprovação e ao incentivo da imoralidade (lembram-se da Fazenda?). Nunca jamais alguém imaginou que um dia o dinheiro suado dos fiéis fosse utilizado para financiar o império de Satanás. Outro dia também assisti a um programa em que a esposa do Silas Malafaia dava aulas de culinária. Sinceramente, qual é a finalidade evangelística disso? Já sei, alguém vai me dizer que é uma estratégia moderna de apresentar o Evangelho. Me poupe!
Só um negócio
As prováveis emissoras evangélicas inevitavelmente iriam enxergar a atividade televisiva como um negócio, e nada mais. Sendo assim, iríamos passar pela vergonha de assistir a uma feroz concorrência entre esses canais "evangélicos". Já tivemos um vislumbre disso recentemente. O apóstolo Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, "passou a perna" no pastor Silas Mafalafaia. Tirou o programa "Vitória em Cristo" do ar oferecendo à Band um valor 150% maior do que aquele que Silas Malafaia já pagava pelos horários da madrugada.
Obrigações constitucionais
O artigo 221 da Constituição Brasileira elenca os princípios pelos quais deve se pautar a programação das emissoras de TV:
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Vejam que, pela concessão pública, tal emissora teria obrigações que nada têm a ver com a divulgação da mensagem cristã. Teria de ser responsabilizar pela difusão de outros conteúdos. Valeria a pena pagar esse preço? Comprar um emissora sabendo que toda a sua programação não poderá ser utilizada totalmente para divulgar o Evangelho? Vejamos o caso da Record. Conforme já falei acima, a maior parte da sua programação é destinada à veiculação de conteúdo não cristão. É dificíl fugir dessa armadilha ao se comprar uma emissora de TV aberta.
Extrapolação da comissão bíblica
Jesus disse: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura". (Marcos 16:15). Creio que praticamente toda viva alma desse imenso Brasil já foi alcançada pelas boas novas da salvação. Nesse sentido acho que os crentes brasileiros cumpriram a sua missão. Em cada esquina do país há uma igreja atualmente. De cada cinco brasileiros um é cristão. Estão por aí, espalhados nas empresas, nos clubes de futebol, etc. A comissão do Senhor Jesus é para pregar, não para salvar a todos. Parece que os telepastores têm de completar uma tarefa inacabada. Ironicamente, os indivíduos que precisam ouvir o Evangelho não podem ser alcançados pela TV. São índios que estão em partes remotas da floresta amazônica.
Por que então essa necessidade de dominar as redes de televisão? Não vejo outra motivação que não seja a vaidade pessoal e a sede de poder. A forma mais eficiente de propagação da mensagem cristã continua sendo o método "boca-a-boca".
Enquanto isso, milhões de reais, provenientes dos bolsos dos crentes, continuam indo mensalmente para as contas bancárias dos donos de emissoras.
Prezado irmão e amigo Cristiano Santana,
Por questão de tempo disponível, quanto tempo não comento em seu conceituado blog, ainda que venha dar uma espiadinha (rsrs)
Quanto ao seu excelente artigo, só tenho uma pergunta a fazer:
Onde assino?
Parabéns, concordo totalmente com suas colocações.
Deus te abençoe!
Feliz 2012!
Seu conservo em Cristo,
Pr. Carlos Roberto
Prezamado Cristiano Santana,
A paz de Cristo, o nosso Senhor!
Resumi tudo que o amado escreveu e apertei em minhas mãos.
Saiu um suco de hipocrisia, destes falsos e desviados da Palavra de Deus.
A compra destes espaços na televisão e a própria compra destes canais de TV, somente amarga a alma dos que entendem que estão realizando negócios com o dinheiro do povo. O dinheiro suado e retirado com sutiliza das suas ovelhas.
Vivem da fé dos outros!
O Senhor seja contigo,
O menor de todos os menores.