Por Cristiano Santana
Dando continuidade ao artigo "Benny Hinn, Morris Cerullo e a doutrina herética da transferência de riquezas - Parte 1/3", cumpre-nos agora analisar o livro do sr. Cerullo, "A Última Grande Transferência de Riquezas", e assim determinar se é correta a doutrina de que estamos num período em que Deus transferirá as riquezas dos ímpios para os cristãos.
Utilização inadequada de personagens e fatos do Antigo Testamento
Nos capítulos 1 a 3 de seu livro, Cerullo segue os passos de outros deturpadores e tenta fundamentar sua doutrina a partir de três supostos exemplos: "José controla a riqueza do Egito", "o povo hebreu pega os despojos do Egito", "Salomão acumula mais riqueza que qualquer outro Reino na história do mundo".
Em contraposição, afirmamos que nenhum dos exemplos acima podem ser usados, em absoluto, para comprovar que Deus operará, em breve, maciça transferência de riquezas a favor dos crentes, tornando-os controladores de recursos financeiros globais.
Em primeiro lugar, precisamos enxergar a história de Israel dentro do propósito divino. Deus tinha um plano messiânico e, para que o mesmo se concretizasse, era necessário que Ele guiasse cada passo de seu povo ao longo dos séculos, preparando assim o ambiente histórico necessário para o surgimento do Messias. A obtenção de riquezas dentro desse esquema representa apenas um meio e não um fim em si. Se José não tivesse controlado a riqueza do Egito, se o povo hebreu não tivesse obtido os despojos e se Salomão não tivesse elevado Israel ao "status" de nação reconhecida em sua época, através de um certa estabilidade financeira e social, certamente o povo escolhido teria desaparecido e, consequentemente, o Messias não teria nascido.
Mas e quanto à transferência de riquezas que Deus já iniciou, segundo as palavras de Cerullo? Qual seria seu propósito histórico? Absolutamente nenhum. Não há justificativa para que os crentes almejem ser os controladores de conglomerados financeiros e industriais a não ser a justificativa do egocentrismo e do amor ao dinheiro. Ora, não é mais natural crer que a igreja progressivamente se desprenderá dos bens materiais à medida que se aproxima a volta de Jesus? Diz Cerullo que uma igreja rica atrairá a atenção dos ímpios para o Evangelho. Como? Todos sabemos que os ímpios vêem de forma escandalosa essa valorização que os "cidadãos celestiais" dão às riquezas e ao poder.
Em segundo lugar, os exemplos acima não podem ser vistos como transferência de riqueza do tipo que Cerullo defende, que não deixa nada depois para ímpio. José foi apenas um administrador das riquezas do Egito, mas não o dono; Israel obteve apenas uma fração das riquezas do Egito, quando aconteceu o Êxodo; e as riquezas de Israel na época de Salomão não deixou as outras nações pobres. Outras nações poderosíssimas coexistiram com a nação de Israel, com as quais Salomão tinha intensas relações comerciais.
Numa próxima postagem estaremos concluindo a matéria
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