Por Cristiano Santana
Acho que todo mundo já teve esse tipo de experiência. Você está envolvido num determinado curso de ação, quando de um ímpeto você desvia sua atenção para outra coisa e acaba adiando o plano original. Isso aconteceu comigo ontem. Ao passar em frente a um dos megatemplos da Igreja Universal do Reino de Deus, a caminho da faculdade, a curiosidade me impeliu fortemente a adentrar o lugar. Já tinha feito isso há quase duas décadas atrás, mas agora eu tinha certeza de que contemplaria tudo com outros olhos, com a percepção de um cristão um pouco mais experimentado.
Lá estava a multidão, com rosas nas mãos, passando por uma coluna de obreiros, naquela invocação coletiva a Deus, cuja intensidade sonora era fortemente sentida pelo meu corpo e pela própria estrutura do templo. Enquanto o pastor bradava do púlpito com aquela voz rouca característica, esconjurando a todos os tipos de demônios, doenças e mazelas sociais, eu pude contemplar aquela massa de humanos que se movia num fluxo circular em direção ao corredor da fé. Observei as pessoas perto de mim, muitas delas com pastas transparentes que continham fotos, carteiras de trabalho e outros documentos. Outras agitavam, envelopes, peças de roupas e outros pertences que pudessem simbolizar suas aspirações mais profundas.
Em meio àquele gigantesco fenômeno, resolvi desarmar-me de todo espírito crítico e tentei captar algo de autêntico. Pensei no líder dessa igreja, mas, como sabemos, ele infelizmente carece dessa virtude. Então volvi meus olhos para o púlpito, onde estava a equipe de obreiros que excitava o povo. Fui impedido de dar crédito a eles por considerar que estavam ali cumprindo a ordem superior de arrancar o máximo que pudessem do bolso de cada pessoa presente, como pagamento por aquilo que Deus dá gratuitamente.
Quando já pensava em sair, os meus sentidos alertaram sobre a existência de algo autêntico naquele lugar. Então observei com atenção os rostos daquelas pessoas que estavam perto de mim. Inequivocamente, elas estavam clamando com toda sinceridade a Deus, chorando, cantando e levantando as suas mãos o mais alto que podiam. Não pude negar, havia uma "energia" espiritual naquele lugar, mas ela não provinha do púlpito, não provinha da linda estrutura arquitetônica. Ela tinha a sua origem no coração de muitos desesperançados que estavam ali, vendo em Deus a única solução de seus problemas. Creio que Deus estava ali, atento a todo aquele quebrantamento. Quisera eu que muitos desses crentes embotados e engessados pela tradição morta manifestassem tamanha expressão de dependência diante da face do Todo-Poderoso.
Isso tudo fez com que eu me conscientizasse, mais uma vez, de que, se o líder dessa igreja merece as mais duras críticas e sancões, tanto cíveis como penais, a multidão que frequenta a sua igreja merece a misericórdia e a compaixão de Deus e, sobretudo, a nossa compreensão, em lugar do desprezo. Grande parte dessas pessoas estão ali em sua simplicidade, em sua ignorância, alheias a todos os escândalos perpetrados pela cúpula da IURD, que tem sido chamada de quadrilha do crime pelo Ministério Público Federal. A salvação de Deus também tem chegado àquele lugar, libertando viciados, prostitutas e curando pessoas. É claro que sabemos que tais milagres não serão creditados ao fundador dessa igreja, mas à misericórdia de Deus, que age onde quer que o nome de Jesus seja invocado.
Quando saí daquele lugar, firmei o compromisso de orar pelos frequentadores da IURD, para que conquistem a devida maturidade cristã, enxerguem a verdadeira essência de evangelho, e avancem a passos largos rumo à salvação.
Após essa experiência lembrei-me que estava atrasado para a aula. Então sai correndo, rumo à faculdade.
Parabéns pelo excelente texto. Realmente aqueles que clamam ao Senhor em um momento de dor merecem todo nosso respeito e intercessão mesmo estando em lugares que não dão o devido valor ao humano, mas às coisas (R$) deles.
Felicidades mil em Cristo Jesus!
Paz, meu prezado.
Que experiência maravilhoso...
Tenho que confessar que embora autêntica esta não é uma realidade exclusiva da IURD.
Temos experimentado isto em nossa própria denominação e outras com as quais temos contato: muitos sedentos por DEUS e outros tantos cegados pelas heresias, modismos, oba-obas...
Que a misericórdia de DEUS se estenda sobre os tais na mesma intensidade...
Parabéns pelo cuidado!
Prossiga firme para o Alvo...
Abraços!
que
Prezamigo Cristiano Santana,
A paz amado!
Sigo os caminhos do irmão Fabrício Carneiro, em felicitá-lo por esta matéria.
Dois anos após a fundação da IURD, possuia eu, pelo menos, MENOS de dois anos de convertido, e já entendia que estaríamos no futuro, enfrentando um ataque de heresias, resultado dos pregam com o mesmo timbre de voz, mesmos acenos de mãos, mesmos trejeitos, mesma sintonia e curiosamente o mesmo desejo de dinheiro.
Sigamos em frente denunciando esta agressão, sem os medos do que virá contra a igreja.
Importante será sempre denunciar!
O Senhor seja contigo, nobre irmão,
O menor de todos os menores. Um Tradicional Pentecostal.
Cristiano gostaria de compartilhar essa sua experiência nas redes sociais.. Teria algum problema?