Por Cristiano Santana
Não costumo participar de debates no Orkut, mas às vezes acompanho alguns. Num deles acabei descobrindo uma prática nova que eu sequer imaginava que existia: a oração muda. Desculpem-me, mas esse foi o único nome que encontrei para designá-la.
Vocês entenderão como funciona essa oração, através do pequeno resumo.Num fórum do Orkut, um determinado participante postou um tópico falando sobre a importância da oração. Falou sobre a necessidade de reservamos um tempo diário para falar com Deus, e sobre a enorme quantidade de cristãos que têm negligenciado essa prática em suas vidas. Então um desses crentes modernos respondeu que para falar com Deus não é preciso gastar tempo falando; não é necessário verbalizar nossos sentimentos. Completou dizendo que falava com Deus mentalmente, 24 horas por dia. Segundo ele, suas ações, desde o despertar da manhã, até a hora de dormir, por si mesmas já representavam uma oração a Deus. A sua vida já era uma oração.Fiquei assombrado ao me deparar com essa racionalização, bastante persuasiva, que os crentes modernos tem utilizado para tentar encobrir sua miséria espiritual.
O Cristianismo, em seu aspecto histórico e teológico, desconhece completamente esse estilo de oração. Também a experiência pessoal de cada cristão testemunha contra essa oração telepática. Vejamos:
Em primeiro lugar, um estudo etimológico demonstra que "orar" e "oração" derivam de palavras que denotam ação, atividade. São elas: proseuchomai, deomai, deesis, aiteo e aitema, boao, boe, gonypeteo, proskyneo, aineo, eucharisteo e krouo. Esses termos assim compreendem o seguintes sentidos: "oração", "pedir", "ajoelhar-se", "súplica falada", "adorar", "bater", "clamar", "gritar"; "grito por socorro", "homenagear", "louvar", "agradecer" . É um atividade completamente dinâmica, vísivel. Costuma desenvolver-se através da manifestação corpórea e verbal dos sentimentos retidos no coração humano. Não tem relação alguma com uma suposta atividade interna do espírito, completamente imperceptível, meramente contemplativa.
Em segundo lugar, a Palavra de Deus nos apresenta a oração sempre como um extravasar visível das emoções e necessidades humanas, uma operação na qual todo o ser se esforça. O início da atividade humana de invocar ao Senhor, no sentido indicado, é tratada como um marco histórico em Gênesis 4:26: "Então se começou a invocar o Nome do Senhor". Dessa forma oraram os patricarcas hebreus (Gen. 25:21), Moisés (Ex. 33:18), Davi (II Sm 15:31) e os profetas. O próprio Deus impõe, através do profeta, o método correto de oração: "Clama a mim..." (Jer 33:3). Da mesma forma, nem Jesus, nem os apóstolos conversavam telepaticamente com Deus. A oração sacerdotal de Jesus Cristo (João 17) só chegou até nós porque os discípulos a ouviram, enquanto era pronunciada. A oração, como expressão oral, é tão poderosa e agradável a Deus, que foi capaz de mover o templo em que estavam reunidos os discípulos (Atos 4:31). É assim que o Senhor Jesus continua orando a Deus pelo Santos: “E por isso ele pode, hoje e sempre, salvar os que vão a Deus por meio dele, porque Jesus vive para sempre a fim de pedir a Deus em favor deles.” (Hebreus 7:25).
Em terceiro lugar, se analisarmos a oração do ponto de vista psicólogico, veremos que é impossível manter a nossa agonia no mais profundo silêncio. Freud, em especial, defendeu que a repressão dos sentimentos é terrivelmente danosa ao indivíduo. Desabafar os nossos traumas, medos e tristezas tem um efeito incrivelmente benéfico. Pode curar completamente distúrbios psicossomáticos. As experiências mais dolorosas da vida inevitavelmente resultam em gemidos e clamores. A comoção do ser é como um vulcão em erupção que não pode ser contido. Quem diz que se contenta com a oração muda nunca passou por esse tipo de experiência, nunca se viu diante da adversidade, do beco sem saída, situações da vida em que a morte parece ser a única esperança. O apóstolo, talvez fazendo referência a esse fenômeno, nos diz que o "Espírito intercede por nós, através de gemidos inexpremíveis". Só quem gosta de orar sabe o alívio que o crente sente depois que se levanta da oração! Sempre que me derramo na presença de Deus, através de louvores, clamores e gemidos, sinto uma sensação maravilhosa de bem estar. Certamente Deus nos cura quando lhe contamos tudo em oração.
Mesmo depois da minha intervação no debate, na qual apresentei esses argumentos, demonstrando que a oração é verbalização, recebi uma réplica zombeteira. O meu oponente disse que, se a oração deve ser assim, então os mudos estão condenados. Eis a minha resposta. Quem já viu a aflição de um mudo sabe como ele sofre. Já que não consegue falar, o seu rosto fica incrivelmente vermelho, as veias da garganta quase pulam para fora, e da boca saem gemidos e gritos ininteligíveis. Tal fenômeno mostra o quanto o mudo sofre por não poder expressar o que sente.
O verdadeiro cristão, por viver em constante dependência de Deus, sente sempre a necessidade de voltar-se para Deus em oração, não só para expor sua aflição, mas para engrandecer ao Pai por suas maravilhas, para agradecer pelas bençãos recebidas, para exaltar ao Pai por ter adotado como filho. O próprio louvor é uma oração! Mas alguém já ouviu um louvor mudo!
Infelizmente, o cristianismo de hoje está produzindo uma geração de cristãos estéreis que não valorizam uma vida de comunhão íntima com Deus. O que agrava a situação deles é a utilização de subterfúgios para explicar a negligência na oração. Além de não orarem, ainda querem contaminar os outros com a mentira da oração muda, da oração telepática, que nada mais é do que comunicar-se com o próprio eu incrédulo e morto.
Sem exagero, se eu colocasse no papel as bençãos que recebi de Deus, em resposta às minhas orações, daria para editar um livro. Louvado seja o Senhor por ter disponibilizado esse instrumento tão importante de comunicação.
Concordo totalmente com você, Cristiano!!!
Deus gosta que falemos com Ele, através das nossas orações.!!!E o ser humano egoisticamente tem negado essa comunhão com Deus, até a imagem e
semelhança do criador,ou seja a si mesmo!!Paz.
.
Misericórdia, e paz, vos sejam multiplicadas.
Irmão Cristiano Santana,
Em verdade, é realmente o que vosso texto demonstra, a “constante dependência de Deus" levando-nos a “necessidade de voltar-se para Deus em oração”;
Entretanto, no caso do orador “mudo”, não contemplo que este seja um “crente moderno", mas, sim, um “evangélico”, porque o "crente" conforme afirma o texto, realmente tem uma dependência de Deus, não usa nem de modernismo e nem de comodismo.
Por Cristo. Em Cristo. Para Cristo. Nos interesses de Sua Igreja.
irmão James.
Jesus, o maior Amor
Comunidade "Adoradores em Casas"
Blog "Adoradores em Casas"
Comunidade Orkut "Adoradores em Casas"
...
..
.
Tem ainda a turma que so vai a Deus na hora de pedir, pedir coisas para seu proprio deleite e nem sabem e nem querem saber do Reino de Deus. Sua oração consiste em apenas pedir e o pior as vezes em exigir como se Deus fosse obrigado a atende-la. Agradecer principalmente pela vida, nem pensar. Geração de individuos egoistas, egocentricos e sem entendimento. Talvez a pior desculpa que ja ouvi foi a de que Deus pode ler nossos pensamentos, e ainda que pensamentos tambem são formas de manifestação e energia assim como a voz. Modernidade e insanidade podem caminhar juntas.