AUTOR: CRISTIANO SANTANA
Hoje estive lendo o "Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia" de Norman Geisler e Thomas Howe.
Uma das questões que me chamaram a atenção foi essa:
De acordo com 2 Timóteo 2:14 é errado os cristãos discutirem questões teológicas?
O livro apresenta o seguinte problema:
Paulo parece ter proibido discussões teológicas quando ele instruiu Timóteo, a respeito dos crentes: "para que evitem contendas de palavras que para nada aproveitam" (2 Tm 2:14), e quando lhe disse "E repele as questões insensatas e absurdas" (2 Tm 2:23). Por outro lado, o próprio Paulo discutiu com os judeus em suas sinagogas (At 17:2, 17) e debateu com filósofos no Areópago (At 17:18ss). De fato, Judas exortou-nos a batalhar "diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (Jd 3).
Em seguida, vem a solução:
Uma distinção precisa ser feita entre os dois sentidos do que seja argumentar ou discutir. Argumentar não é necessariamente algo errado, mas devotar-se ardentemente a isso é. Devemos batalhar pela fé, mas devemos fazer isso sem contendas. Fazer com toda seriedade um esforço para defender a fé é algo bom (cf. Fp 1:17; 1 Pe 3:15). Mas engajar-se em disputas infrutíferas não é bom. De igual forma, Paulo não se opôs quanto a discutir qual o real sentido das palavras num determinado contexto - ele se opôs simplesmente a ardorosas disputas semânticas.
Como superintendente da Escola Bíblica Dominical, já ouvi censuras de vários irmãos quanto ao nível de ensino que imprimo em minha igreja, tais como essas:
- O irmão está querendo ir longe de mais!
- O cristão que quer saber demais acaba se desviando.
- Irmão, esse mistério só pertence a Deus!
- O melhor que temos de fazer é ficar no feijão e arroz.
Tenho várias razões para rejeitar essas censuras:
Em primeiro lugar, se hoje temos já estabelecidas as doutrinas da Trindade, do pecado, da justificação, etc., devemos agradecer ao trabalho de homens como Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orígenes, Agostinho, Atanásio e outros, os quais, nos primeiros séculos da era cristã, envolveram-se em intensos debates teológicos e combateram hereges terríveis como Marcion e Ário. Os primeiros credos, que foram formulados e que acabaram cristalizando essas doutrinas, surgiram com resultado do trabalho teológico desses homens.
Em segundo lugar, quem poderá me dizer, com exatidão, qual é a linha divisória entre o conhecimento de Deus e o conhecimento do homem? Qual é o homem que poderá defini-la? Acho que é impossível estabelecer qual limite meu conhecimento não deve tentar ultrapassar. Sabemos que nunca poderemos conhecer totalmente o que Deus conhece, mas Ele nos deu uma natureza tal que somos sempre impelidos à frente, rumo ao conhecimento, rejeitando o leite espiritual e sempre em busca do alimento sólido. Alguns acham que o limite é conhecer apenas as doutrinas básicas da Bíblia. Rejeito esse limite e prossigo tentando alargar ao máximo a minha cosmovisão.
Em terceiro lugar, se eu estou na verdade, por que temer ter contato com outras literaturas, absorver outros conhecimentos, entender outras filosofias, até mesmo contrárias à fé cristã? A verdade não é para ser provada? Graças a Deus, quanto mais leio livros de filosofia, psicologia, ciências, teologia, religiões, etc., mas fortalecida fica a minha convicção de que Jesus Cristo é o caminho, A VERDADE, e a vida.
Em quarto lugar, creio que a maioria dos evangélicos estão dominados por esse cristianismo místico, utilitarista e hedonista, que atualmente permeia as igrejas, justamente porque lhes falta o devido conhecimento bíblico-teológico. Já dizia o profeta: "O meu povo foi destruído por falta de conhecimento". Essas crendices que se espalham no meio do povo de Deus, essa teologia da prosperidade medíocre que se prolifera, tem achado terreno fértil em nosso país por causa das mentes ignorantes. São os "analfabetos bíblicos" que se satisfazem com qualquer história da carochinha.
Sinceramente, creio que alguns irmãos nos censuram contra a aquisição de um conhecimento mais profundo com certa sinceridade de coração. Eles estão ingenuamente persuadidos de que o melhor a fazer é permanecer no básico. Já outros emitem essas censuras por outros motivos. São membros e obreiros preguiçosos que nunca deram o devido tempo aos estudos bíblicos e teológicos. Agora não querem que a sua ignorância seja desmascarada. Não querem passar pelo ridículo de não saber responder a uma pergunta feita por alguém que é décadas mais jovem. Então vêm com essa história de que é perigoso aprofundar-se no conhecimento.
Finalizando, quero dizer que é sempre bom haver um debate teológico maduro entre os cristãos. Como cresço espiritualmente quando encontro irmãos dispostos a passar um bom tempo conversando sobre as coisas do alto!
Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor.
Paz irmão Cristiano,
Ótima reflexão.
Em Cristo,
Ednaldo.
Obrigado por sua participação, irmão Ednaldo. Devemos evitar os dois extremos: o anti-intelectualismo e o hiperintelectualismo. O segredo é estar no meio.
Graça e paz
Cristiano
A paz do Senhor, irmão Cristiano.
Sobre o texto abaixo, como havia um mal entendido na congregação a respeito do jejum, e havia uma crendice que podia-se fazer jejum para outra pessoa e foi colocado o verso seguinte isolado (fora de todo o contexto), isolando-se ainda mais, somente a fala de Éster, no verso 16 e jejuai por mim, para provar o “mistério espiritual”.
Ester 4:16 Vai, e ajunta todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas moças também assim jejuaremos; e assim irei ter com o rei, ainda que não é segundo a lei; e, perecendo, pereço.
So isolando texto fora de contexto se consegue provar essa tiologia.
E como percebi toda a manobra de isolamento de texto, fora de contexto, perguntei a um “evangelista”: Porque então Mardoqueu repreendeu duramente Éster, falando inclusive uma profecia de morte para ela e seus familiares que pensavam estar seguros dentro do palácio se ela não tomasse atitude correta e parasse de empurrar com a barriga o problema? Segue o texto abaixo nas duas versões.
Et4:12 (NTLH) Quando recebeu a mensagem de Ester, 13Mordecai mandou o seguinte recado para ela: “Não pense que, por morar no palácio, só você, entre todos os judeus, escapará da morte. 14Se você ficar calada numa situação como esta, do Céu virão socorro e ajuda para os judeus, e eles serão salvos; porém você morrerá, e a família do seu pai desaparecerá. Mas quem sabe? Talvez você tenha sido feita rainha justamente para ajudar numa situação como esta!”
12 (RA) Fizeram saber a Mordecai as palavras de Ester. 13Então, lhes disse Mordecai que respondessem a Ester: Não imagines que, por estares na casa do rei, só tu escaparás entre todos os judeus. 14Porque, se de todo te calares agora, de outra parte se levantará para os judeus socorro e livramento, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada a rainha?
Sabe qual foi a resposta dele?: Que Mardoqueu estava mentindo para Éster. E ainda completou, pode estar mentindo sim. Ou seja, já que ele tinha um preconceito do texto (conceito e interpretação formatada anteriormente) ficou sem resposta e soltou uma verdadeira tijolada de improviso.
O que fiz foi lhe responder que quem estava mentindo era ele e Mardoqueu sempre foi honrado e homem irrepreensível e que ele deveria pensar melhor em sua resposta para assuntos teológicos tão importantes.
O meu entendimento, aplicando hermenêutica e exegese: O pedido dela não é para pessoa física (o que demonstraria covardia) e sim pela causa que vai levar ao rei, se não o final do verso 16 fica sem sentido (e, perecendo, pereço) denotaria falta de fé. Aqui, sim ela é valente e corajosa. Esta dando a sua vida em favor do povo (ha uma possibilidade de 50% de que morra ou sobreviva, mesmo se não, valeria a pena fazer o certo, ou seja o motivo real para que ela foi elevada a rainha).
Qualquer similaridade com o que Jesus disse não é mera coincidência.
Quem quiser salvar a sua vida vai perde-la. Mas quem perde-la, por amor de mim, a salvará. A pessoa de Jesus sempre se confundiu com seu povo. (vide Saulo em Atos 9): Saulo, porque me persegues?
Devemos ser exegéticos para não sermos heréticos. Ou escondermos a verdade.
Davi adulterou e assassinou, (sofreu terríveis conseqüências) nem por isso deixou de ser o homem segundo o coração de Deus. E a bíblia não esconde.
Mardoqueu É guiado por Deus o tempo todo, em todos os fatos, na minha humilde opinião, esse livro excelente que não menciona a palavra Deus em nenhuma ocasião deveria se chamar Mardoqueu.
1) Éster não decretou jejum para todos os judeus em todo o reino persa.
2) Éster não pediu para jejuarem “por ela” (pessoa física).
3) Éster não foi a primeira a pensar ou falar em jejum no texto, (não descobre a pólvora como muitos pensam e divulgam), e nem o faz pensando em algo mágico.
4) Éster estava a principio alienada dos acontecimentos, e tenta ate a parar o jejum de mardoqueu. Et 4:4 Então, vieram as moças de Ester e os seus eunucos e fizeram-lhe saber, com o que a rainha muito se doeu; e mandou vestes para vestir a Mardoqueu e tirar-lhe o seu cilício; porém ele não as aceitou.
5) Mardoqueu alem de ser guiado sempre pelo Espírito, e direcionado ao jejum como meio (e não fim em si mesmo) para invocar o favor de Deus, e também todos os judeus onde a noticia chega fazem o mesmo, sem dicas ou decretos.(Et4:1).
Em meu blog, (http://contraheresia.blogspot.com/) ha toda uma dissertação a respeito de toda a passagem, mostrando detalhes que muitas vezes são distorcidos inclusive na EBD
A paz do Senhor, com hermenêutica e exegese.
Gilson.
Muito agradecido pela sua colaboração neste blog. Que o Senhor continue lhe abençoando.
Vou dar uma passada no seu blog,ler com carinho e deixar meus comentários
Um grande abraço
Cristiano