Fonte: Christianity Today
Tradução: CRISTIANO SANTANAO outro lado do crescimento da Igreja
Philip Jenkins fala sobre a necessidade de uma teologia da extinção de igrejas.
Em nosso tempo, estamos sendo testemunhas de um fenômeno extraordinário: a eliminação da igreja de um lugar onde existiu por aproximadamente 2000 anos. Os apuros da comunidade cristã do Iraque nos faz lembrar que a expansão da Igreja não é uma constante curva crescente.
Em seu livro de 2002, “O Próximo Cristianismo: A Vinda do Cristianismo Global”, o historiador Philip Jenkis disse falou sobre o mundo para o qual o Cristianismo estava se encaminhando. Neste último – “A História Perdida do Cristianismo: A Era Dourada de Mil Anos da Igreja no Oriente Médio, Africa e Asia – e Como Ela Morreu” (HarperOne, 2008) – Jeinkins considera de onde o Cristianismo veio.
O professor de Humanidades do Edwin Erle Sparks, da Estado da Pensinlvânia, primeiramente nota que a fé não é enraizada numa cultura única. “Quanto mais você considera a História, mas você se convence de que o Cristianisnismo não é somente uma religião da Europa”, ele diz. É europeu, mas também é asiático e africano, e tem um longa história de desenvolvimento nas mais diferentes sociedades.
Segundo, Jenkis mostra como e porque as igreja de regiões inteiras têm morrido. O editor da Christianity Today’s para projetos especiais, Stan Guthrie, falou com Jenkins
O que causa a morte da Igreja?
Em nenhum caso a Igreja parece desaparecer por causa da indiferença. O que mata a Igreja é a perserguição. O que mata a Igreja é a força armada, geralmente no interesse de outra religião ou ideologia antireligiosa, e as vezes isso pode significar a destruição ou remoção de uma comunidade étnica que pratica o Cristianismo. Então as igrejas morrem pela força. Elas são mortas.
Mas e sobre o antigo ditado: “O sangue dos mártires é a semente da Igreja”?
Isso foi dito por Tertuliano, que veio da igreja do norte da África, onde a Igreja desapareceu. Se você tivesse de procurar pela parte do Cristianismo mais saudável por volta de 400 a 500 D.C., você poderia muito bem olhar para o norte da África, nos lugares que chamamos de Tunísia e Argélia. Foi a terra de Agostinho. Então os árabes, os muçulmanos, chegaram. Eles conquistaram Cártago em 698 d.c. e 100 anos depois – Eu não digo que não havia cristãos lá, mas certamente havia somente um número muito pequeno.
Por que a perseguição às vezes fortalece a Igreja e em outras situações a destrói.
A diferença é de quê maneira a Igreja se estabelece na massa do povo e não se torna apenas um segmento em particular, uma classe ou um grupo étnico. No norte da África, é basicamente a igreja dos romanos e oradores latinos, oposta a igreja dos camponeses ignorantes com os quais os romanos não tem nenhuma conexão. Quando os romanos vão, o Cristianismo vai com eles. Mas o Cristianismo se estabeleceu muito cedo como religião do povo simples do Egito, quando as traduções eram feito para o cóptico. Como resultado, depois de quase 1.400 anos sob governo muçulmano, ainda há uma próspera Igreja cóptica que representa, talvez, 10% da população egípcia – o que eu particulamente considero como um dos maiores exemplos da sobrevivência do Cristianismo na História.
Qual dessas lições se aplicam ao Iraque, onde os cristãos estão sob pressão do muçulmanos?
Iraque é um exemplo clássico de uma igreja que é morta paulatinamente. Ela provavelmente deixará de existir ainda ainda nesse meu tempo de vida. Essa igreja provavelmente saiu de um percentual de 5% para o que é agora, 0,5%, nos últimos 50 anos. Essas perdas não podem se prolongar para sempre. Em um determinado ponto, tudo estará reduzido a uma ou duas pessoas.
Você acha que literalmente não haverá nenhum cristão no Iraquê?
Não. Mas eu acredito que as comunidades serão todas eliminadas como entidades. Há comunidades estranhas, incluíndo as da planíce de Níneve, mas elas são muito pequenas, e têm interesse em conseguir vistos de permissão para deixarem o país. Então quanto a questão da Igreja estar morrendo no Iraque, eu apontaria novamente para a perseguição, para o crescimento das ideologias islâmicas que tornam a vida intolerável para as comunidades minoritárias. É muito importante o papel do Estado. Se você remove o Estado, com a sua habilidade para manter as multidões sobre controle, então você abre a porta para a expulsão dessas minorias.
Você escreveu sobre o efeito catraca. O que significa?
É uma das piores coisas. A perseguição não precisa ser absolutamente constante por 500 ou 1000 anos. As minorias progridem perfeitamente bem por 50 anos e então há a perseguição e a população é reduzida. O efeito catraca gira mais outro “dente” do mecanismo, e a catraca vai numa só direção e não volta. Essa espécie de perserguição esporádica através dos séculos é o que realmente destrói a fé.
Como as igrejas podem responder à perseguição, fazendo crescer suas comunidades e a fé?
Depende de qual é o desafio. Se você está lidando com perseguição armada, então você realmente tem de adotar um modo de sobrevivência. Enquanto eu escrevia essa livro, eu me tornei consciente de uma questão, que é como podemos medir o sucesso de uma igreja. Eu sou tentado a fazer a medição em termos de números, se é 5% da população, 40%, ou outro número.
Mas eu suponho que um argumento poderia ser apresentado por um menonite ou um anabatista dizendo que a questão não é essa – a questão não é o sucesso numérico, mas a qualidade do testemunho, pois o Novo Testamento não garante sucesso terreno, nem crescimento nem mega-igrejas. Essa visão não inclui a perseguição como parte fundamental do pacote. Então é esse fato que nós temos de encarar.
Você diz que temos falta de um teologia da extinção da Igreja. Por que precisamos de uma?
Às vezes pergunto palestras quantas pessoas já leram um livro sobre o crescimento e o estabelecimento de uma igreja e muitas levantaram suas mãos. Então perguntou quantas pessoas tinha lido livros sobre a morte ou extinção de igrejas, e, virtualmente, ninguém levantou a mão. Mas na História, a morte de igrejas é um fenômeno muito comum. O Cristianismo se move de uma área para outra, mas morre em algumas áreas nas quais era bem forte. O fato viola muito daquilo que achamos sobre o crescimento dos cristãos. Nós temos um teologia de missões, não uma teologia de recuo. Então nós explicamos esses episódios como algo terrivelmente errado que as igrejas estão cometendo? Consideramos esses fatos como parte natural do desenvolvimento histórico? Por acaso pensamos que se o Islamismo substituisse os Cristianismo em países do o Iraque, então a expansão do Islamismo está dentro dos planos de Deus? Os cristãos lidam com coisas como a destruição de igrejas no Iraque simplesmente não tocando no assunto. Não prestamos nenhuma atenção nisso porque não sabemos nada sobre isso.
Então nossa ignorância é um produto de nossa situação histórica e talvez uma ação deliberada de desviar os olhos da carnificina?
É mais ou menos isso. Mas eu não quero criticar os americanos que, por exemplo, são muito conscientes dos sofrimentos dessas igrejas. E eles tentam aliviar o sofrimento e intervir politicamente. Mas supõem que igrejas de fato desaparecem. Na maior parte do Oriente Médio, o último século, desde 1915 tem sido catastrófico em termos de destruição ou aniquilação de igrejas. Eu realmente não conhece pessoas que estão escrevendo sobre isso ou tratando disso teologicamente.
Como você relaciona essa necessidade com o óbvio crescimento do Cristianismo ao redor do mundo?
Eu acho que coincidência não é uma palavra que deva ser usada por qualquer um que tenha algum senso de Providência, mas 1915 marca o início do fim dos cristãos no Oriente Médio, e o início do Cristianismo de massa na África. É como se alguém fechasse uma porta num lugar e abrisse num outro. Eu não diria que Deus abriu um olho e fechou o outro, mas quando o Cristianismo é mais fraco numa área, incríveis novas oportunidades se abrem em outras. Minha preocupação é que quando escrevemos sobre História Cristã, frequentemente o assunto é “vamos considerar esa expansão, e vamos considerar esse crescimento e essa nova oportunidade.”. Nós realmente não estamos vendo as portas que estão se fechando – o que seria um grande título para o livro.
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