
Por Cristiano Santana
Como sabemos, "jargão" é uma expressão ou palavra comum para um ou alguns grupos profissionais, religiosos, políticos, etc.
Os membros da comunidade assembleiana também se identificam através da utilização de um jargão específico que surgiu espontâneamente através das décadas e que funciona como uma espécie de dialeto que só é entendido por aqueles que pertencem a esse contexto religioso e cultural.
Um fato interessante é que tem sido notada uma mudança nesse jargão nos últimos anos, sendo que as causas são, predominantemente, eufemísticas e jurídicas.
Segundo a Wikipedia eufemismo é "uma figura de estilo que emprega termos mais agradáveis para suavizar uma expressão". Exemplos:
-Você faltou com a verdade. (Em lugar de mentiu)
-Ele entregou a alma a Deus. (Em lugar de: Ele morreu)
-Nos fizeram varrer calçadas, limpar o que faz todo cão... (Em lugar de fezes)
-Ela é minha ajudante (Em lugar de empregada doméstica)
Sobre às causas jurídicas na mudança das palavras comuns e expressões assembleianas, a mudança no Código Civil Brasileiro em 2001, e, principalmente a institucionalização das igrejas pentecostais, forçaram os seus líderes a substituírem alguns termos estatutários e regimentais por outros, mas condizentes com o atual ordenamento jurídico e que não exponham a igreja à ameaça de ações civeis e criminais, principalmente por calúnias, danos morais e danos materiais.
Vejamos, portanto, algumas dessas mudanças eufemísticas e jurídicas.
1) "Exclusão" do rol de membros foi substituído por "desligamento" do rol de membros. Exclusão é uma palavra com conotação fortemente negativa, vinculada a um castigo humilhante, a um terrível banimento, a uma expulsão, etc. A alteração tem causa predominantemente jurídica, dando a entender que o membro deixou de pertencer a essa associação religiosa não por motivos de punição, mas sim por causa de sua própria decisão espontanea.
2) "Culto de doutrina" foi substituído por "culto de ensinamento" ou "culto da vitória". A palavra "doutrina" tem forte vinculação com tradições e costumes, isto porque, num passado não muito distante, esses tipos de cultos eram muito utilizados para fins disciplinares: Nesses cultos se anunciava a exclusão de irmãos do rol de membros assim como se aproveitava para reforçar a instrução para que os crentes obedecessem incondicionalmente os costumes e tradições daquela época (homens de calça comprida, mulheres de saia, proibição de usar maquiagem, etc.)
3) "Aceitar a Jesus" foi substituído por "Ter uma nova experiência com Cristo" ou "Firmar um compromisso com Cristo" ou "Iniciar uma nova aliança com Cristo" ou "Experimentar a Jesus Cristo". Alguns acham que perguntar a alguém se quer aceitar a Jesus Cristo é uma proposta chocante e amedrontadora. A justificativa para essa mudança é que há o perigo de o visitante formar em sua mente a idéia de que terá que se submeter a uma mudança radical em sua forma de falar, vestir, etc., se levantar a mão para Jesus. Esse medo o afastaria, assim, de uma decisão positiva.
4) "Desviado" foi substituído para "afastado" ou "ausente". Percebe-se claramente a carga pejorativa do termo "desviado". Essa palavra parece apontar diretamente para alguém sem caráter, não recomendável moralmente, alguém literalmente torto.
Poderíamos achar outros exemplos, mas nos falta tempo para relatá-los aqui. O importante é frisar como a própria influência do ambiente sócio-cultural é capaz de alterar o jargão utilizado por qualquer grupo específico, a ponto de algumas palavras, antes positivas, passarem a ter um significado desagradável e juridicamente inaceitável.
Você tem mais algum exemplo? Diga-nos então.
Como sabemos, "jargão" é uma expressão ou palavra comum para um ou alguns grupos profissionais, religiosos, políticos, etc.
Os membros da comunidade assembleiana também se identificam através da utilização de um jargão específico que surgiu espontâneamente através das décadas e que funciona como uma espécie de dialeto que só é entendido por aqueles que pertencem a esse contexto religioso e cultural.
Um fato interessante é que tem sido notada uma mudança nesse jargão nos últimos anos, sendo que as causas são, predominantemente, eufemísticas e jurídicas.
Segundo a Wikipedia eufemismo é "uma figura de estilo que emprega termos mais agradáveis para suavizar uma expressão". Exemplos:
-Você faltou com a verdade. (Em lugar de mentiu)
-Ele entregou a alma a Deus. (Em lugar de: Ele morreu)
-Nos fizeram varrer calçadas, limpar o que faz todo cão... (Em lugar de fezes)
-Ela é minha ajudante (Em lugar de empregada doméstica)
Sobre às causas jurídicas na mudança das palavras comuns e expressões assembleianas, a mudança no Código Civil Brasileiro em 2001, e, principalmente a institucionalização das igrejas pentecostais, forçaram os seus líderes a substituírem alguns termos estatutários e regimentais por outros, mas condizentes com o atual ordenamento jurídico e que não exponham a igreja à ameaça de ações civeis e criminais, principalmente por calúnias, danos morais e danos materiais.
Vejamos, portanto, algumas dessas mudanças eufemísticas e jurídicas.
1) "Exclusão" do rol de membros foi substituído por "desligamento" do rol de membros. Exclusão é uma palavra com conotação fortemente negativa, vinculada a um castigo humilhante, a um terrível banimento, a uma expulsão, etc. A alteração tem causa predominantemente jurídica, dando a entender que o membro deixou de pertencer a essa associação religiosa não por motivos de punição, mas sim por causa de sua própria decisão espontanea.
2) "Culto de doutrina" foi substituído por "culto de ensinamento" ou "culto da vitória". A palavra "doutrina" tem forte vinculação com tradições e costumes, isto porque, num passado não muito distante, esses tipos de cultos eram muito utilizados para fins disciplinares: Nesses cultos se anunciava a exclusão de irmãos do rol de membros assim como se aproveitava para reforçar a instrução para que os crentes obedecessem incondicionalmente os costumes e tradições daquela época (homens de calça comprida, mulheres de saia, proibição de usar maquiagem, etc.)
3) "Aceitar a Jesus" foi substituído por "Ter uma nova experiência com Cristo" ou "Firmar um compromisso com Cristo" ou "Iniciar uma nova aliança com Cristo" ou "Experimentar a Jesus Cristo". Alguns acham que perguntar a alguém se quer aceitar a Jesus Cristo é uma proposta chocante e amedrontadora. A justificativa para essa mudança é que há o perigo de o visitante formar em sua mente a idéia de que terá que se submeter a uma mudança radical em sua forma de falar, vestir, etc., se levantar a mão para Jesus. Esse medo o afastaria, assim, de uma decisão positiva.
4) "Desviado" foi substituído para "afastado" ou "ausente". Percebe-se claramente a carga pejorativa do termo "desviado". Essa palavra parece apontar diretamente para alguém sem caráter, não recomendável moralmente, alguém literalmente torto.
Poderíamos achar outros exemplos, mas nos falta tempo para relatá-los aqui. O importante é frisar como a própria influência do ambiente sócio-cultural é capaz de alterar o jargão utilizado por qualquer grupo específico, a ponto de algumas palavras, antes positivas, passarem a ter um significado desagradável e juridicamente inaceitável.
Você tem mais algum exemplo? Diga-nos então.
Logo no começo do texto o primeiro termo que me veio à cabeça foi o "novo-convertido", que hoje passou a se chamar "novo-decidido". Mas o pior jargão do meio evangélico que foi modificado causando um extremo declínio, foi a substituição da palavra "pecado" pelo "problema". Hoje em dia, todo mundo tem problemas, e não pecados, pq pecado necessita de arrependimento e abandono, e problema é um defeito que só precisa, às vezes, de cuidado e atenção.
Deus continue te abençoando. A Paz do Senhor!
Ótima observação Rodrigo
Eu não tinha pensado na questão do "pecado". Pois é...a regra agora é suavizar ao máximo os termos.
Deus o abençoe
Tem um monte de outras, verdadeiros "achados filosoficos de fundo de igreja do retete": Tem fogo ai, irmão? Crente com boca fechada não se alimenta! Da gloria, irmão. Tem azeite nesse vaso? Ta vazio, irmão? Fala pro teu irmão do lado... Crente que não faz barulho ta com defeito. E outras tantas bobageiras que da nojo.