
INTRODUÇÃO:
Certamente meus leitores devem estar se questionando: O que há de comum entre Getúlio Vargas e o apóstolo Valdomiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus? Será que o Valdomiro quer se presidente do Brasil? Não é nada disso.
Pois eu lhes responderei: O que os aproxima é o populismo.
Mas o que é populismo?
Segundo a Wikipedia "O termo populismo é utilizado para designar um conjunto de movimentos políticos que se propuseram colocar, no centro de toda ação política, o povo enquanto massa em oposição aos (ou ao lado dos) mecanismos de representação próprios da democracia representativa."
É claro que populismo é um termo que é mais identificado com certos fenômenos políticos típicos da América Latina, principalmente a partir dos anos 1930, sendo que um dos seus principais seguidores foi Getúlio Vargas.
Mas o que nos interessa é identificar na realidade evangélica atual, sobretudo no ministério do apóstolo Valdomiro Santiago, algumas características que nos lembram, em muito, a essência do populismo.
SEMELHANÇAS ENTRE O APÓSTOLO VALDOMIRO E O POPULISTA VARGAS
1) O populista utiliza de vários recursos para obter apoio popular, entre eles: adotar um comportamento carismático e se apresentar como o portador da solução para os problemas dos pobres e miseráveis.
Getúlio Vargas, ex-presidente do Brasil, adotou o populismo como uma das características de seu governo. Apelidado de "pai do pobres", promoveu seu governo com manifestações e discursos populares, principalmente no Dia do Trabalho (1º de maio)
Semelhantemente, o apóstolo Valdomiro estabeleceu um comportamento de bastante proximidade com o povo. Ele aparece em seus programas, transpirando muito, abraçando os pobres, orando pelos doentes, chorando a cada cura. Assim como os populistas ele procura manter um vínculo emocional com a multidão, um contato direto com as massas.
2) O populista utiliza o apoio do povo como meio de alimentar tendências políticas contrárias ao poder vigente. De tal maneira, os governos populistas também são marcados pela desarticulação das oposições políticas e a troca dos “favores ao povo” pelo apoio incondicional ao grande líder responsável pela condução do país. Por meio do uso de um discurso nacionalista, muitas vezes articulado enquanto contraposição aos regimes oligárquicos, esses novos líderes ofereciam uma indefinida perspectiva onde a “defesa do povo” era sobreposta a uma ideologia política mais específica
Por incrível que pareça, o apóstolo Valdomiro também utiliza tática semelhante, ao dizer, constantemente, que ele não age como um tal missionário (alusão clara ao RR Soares) ou que não é tão ganancioso como alguém que se diz bispo (fazendo referência ao bispo Macedo). Já disse, por diversas vezes, que sofreu ameaças de autoridades políticas, policiais, e até religiosas. Têm declarado, também, que a concorrência (outras igrejas) está se sentindo muito incomodada com o crescimento da sua igreja.
É se passando como vítima que o apóstolo da Igreja Mundial procura garantir o apoio irrestrito do povo. O resultado é o aumento, tanto de contribuições quanto de frequência de pessoas aos seus cultos.
CONCLUSÃO:
Um dos exemplos que mostram a intenção do apóstolo de sempre ser identificado como aquele que está próximo das massas, é o fato de ele fazer questão de que é comedor de angú. Qual é o pobre que não se emociona com tal declaração?
Alguém pode perguntar, ao final desse artigo, se tudo que escrevi foi em tom de aprovação ou de desaprovação à conduta do Valdomiro. Como sabemos, historicamente, o populismo teve efeitos positivos e negativos para o Brasil (não tenho tempo de discuti-los aqui). Acho que o mesmo se aplica ao comportamento desse apóstolo.
Eu particularmente acho que o "populismo" do Valdomiro merece mais o nosso louvor do que a nossa reprovação. Ele me parece sincero quando abraça um doente e chora com ele. Grande parte da igrejas pentecostais se institucionalizaram, assemelhando-se a grandes corporações. Os pastores pobres do passado foram substituídos por um clero poderoso que não se importa com as mazelas da grande massa de pobres. Atualmente existe um abismo enorme entre o povo e o púlpito, de tal forma que agora é mais fácil ter um audiência com o próprio Deus do que conseguir falar com o pastor-presidente de algumas igrejas evangélicas.
Nessa semana ouvi o caso de uma irmãzinha que foi a uma grande igreja assembleiana para tentar falar com o pastor presidente. Ela foi barrada por um obreiro segurança que logo lhe perguntou o que desejava. Ao dizer que queria falar com o pastor presidente, recebeu imediatamente a resposta de que ele estava ocupado e que não poderia atendê-la. Então a irmãzinha insistiu e disse que tinha um "benção" para entregar. O obreiro logo entendeu que ela tinha uma oferta em dinheiro para doar. Ao dar conhecimento disso ao pastor-presidente o obreiro levou uma bronca e logo mandou que trouxesse a irmãzinha à sua presença. Dizem que até serviram cafezinho para ela.
Muitos líderes evangélicos, entre eles muitos assembleianos, dão atenção apenas aos seus estômagos, valorizando apenas uma vida de sofistificação, viajando em cruzeiros de luxo, passando férias em hoteis dos Estados Unidos e Europa e vestindo roupas da melhor grife italiana. Mal conseguem disfarçar o nojo que sentem quando se aproximam do povo.
Entre ficar com uma aristrocacia evangélica requintada ou ficar com um pastor populista, prefiro ficar com o populista.