A partir de hoje estarei apresentado breves "reviews", isto é, avaliações das diversas bíblias eletrônicas existentes no mercado. As bíblias eletrônicas são softwares que dispõem de inúmeras versões da Bíblia e que possuem incríveis recursos de análise: referências cruzadas, comentários, léxicos, versículos paralelos, gramática, etc.  

Pode-se perceber pela interface que é possível posicionar, em paralelo, diversas perspectivas de análise. Podemos colocar, lado a lado, por exemplo, a ferramenta de busca, a janela de comparação de versões, a janela de análise léxico-gramatical e outra de comentários bíblicos.  Quando posicionamos o mouse num versículo bíblico da segunda janela as referências na última janela da direita mudam automaticamente. Sensacional esse recurso! 

Nesta janela é possível utilizar diversas versões da Bíblia ao mesmo tempo, na língua que quisermos. Esse recurso é muito bom para fins de comparação. Acima, por exemplo, foram utilizadas as seguintes versões: King James, Nova Versão Internacional, Hebreu Transliterado e Hebreu do Novo Testamento BHS.  São disponibilizadas quase uma centena de versões diferentes, inclusive na língua portuguesa. 

É impressionante a quantidade de recursos que essa janela apresenta: gramática e léxicos na língua grega e hebraica, comentários, referências, etc. O usuário pode personalizar o seu kit de análise. Um vez feito isso, você ficará surpreso ao perceber que o conteúdo da janela de análise muda dinamicamente, de acordo com a posição do mouse no versículo da janela de navegação (Browse Window).

"De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus." (2 Coríntios 5:20)

Conforme o texto bíblico acima, Paulo apresentou-se aos coríntios como embaixador de Cristo. Ele foi escolhido como o representante do governo Soberano de Jesus Cristo para levar uma mensagem importante ao mundo, as boas novas de salvação.

A semelhança entre os embaixadores seculares e os apóstolos são tremendas:

1) Assim como os embaixadores, os apóstolos foram escolhidos para serem os representantes de Cristo.

2) Assim como os embaixadores, os apóstolos tinha proteção. Como representantes de uma nação espiritual eles contavam com a proteção que vinha do alto, em todos os momentos de crise.

3) Assim como os embaixadores eles tinham de prestar contas de seus atos, tendo a obrigação, portanto, de agir em conformidade com a instrução que tinham recebido.

4) Assim como os embaixadores, eles tinha uma mensagem de seu Soberano, cujo conteúdo falava da reconciliação dos homens com Deus.

Parece que R. R. Soares e Edir Macedo não estão satisfeitos com a posição de embaixadores de Cristo, vocação que excede qualquer investidura humana que possa ser imaginada. Os dois, não satisfeitos com o império financeiro que construíram, também caíram na tentação de conquistar a autoridade, o poder temporal, uma posição de honra entre os homens. 

Quem poderia imaginar, há dez anos atrás, que pastores, desculpem-me, bispos evangélicos teriam o privilégio de serem portadores de passaporte diplomático? 

Ora, esse documento só é emitido ao corpo diplomático, que identifica seus membros como representantes diplomáticos de seu país natal (políticos com privilégios, embaixadores, governantes em missões de paz, encontros econômicos, etc.) Não pode ser concedido civis comuns como R. R. Soares e Edir Macedo.

Agora eles não precisam enfrentar filha na Alfândega, passam direto em qualquer aeroporto do mundo, São cidadãos de classe especial, uma casta superior. Não precisam pagar por passaporte, enquanto nós, meros mortais, temos de pagar algo em torno de R$ 200,00.

Agora virou moda seguir o exemplo dos filhos do Lula, evocar o parágrafo 3º do artigo 6º do decreto 5.978/06, ou seja, que o passaporte diplomático pode ser concedido por interesse do país.

Pergunto: quais interesses de nosso país são tratados por R. R. Soares e Edir Macedo no exterior? O argumento de que "se os bispos católicos têm nós também temos de ter" é totalmente esdrúxulo. Como cristãos não podemos reproduzir o erro dos outros. Todos nós sabemos que a Igreja Católica sempre esteve de mãos dadas com o poder temporal. Temos de ser assim também? O que foi que Jesus disse? "O meu reino não é deste Mundo".

Parece que agora estão tomando alguma atitude contra essa pouca vergonha!  O primeiro-secretário do Senado, Cícero Lucena (PSDB-PB), disse nesta terça-feira (29) que Marcelo Crivella (PRB-RJ) terá que devolver o passaporte diplomático solicitado para o líder da Igreja Internacional da Graça de Deus, R.R. Soares, e sua esposa Maria Magdalena B.R. Soares. A informação é da Folha de S. Paulo.

A Mesa Diretora do Senado decidiu publicar nesta terça uma portaria que proíbe os senadores de pedirem documento para terceiros. O ato com as normas ainda será publicado - e nessa ocasião, o passaporte deve ser devolvido. Com a nova proposta, cada parlamentar deve solicitar o passaporte especial somente para a esposa e os filhos. 

O Ministério Público Federal também tem de intervir e exigir também a devolução do passaporte do Edir Macedo.

Como diz Bóris Casói, isso é uma vergonha!

Por Cristiano Santana

INTRODUÇÃO:

A necessidade de auto-afirmação, a busca pelo sucesso, a hipervalorização do eu, o apego desmedido aos bens materiais, são valores que isolam cada vez mais o homem dentro de si mesmo, afastando-o da experiência maravilhosa da amizade. Como considerar feliz um homem que não possui pelo menos um verdadeiro amigo? Infelizmente, nesta sociedade pós-moderna, criou uma nova definição para a amizade: "Meu amigo é o meu dinheiro". Há outros também que abandonaram a amizade dos homens e agora declaram que o verdadeiro é o animal de estimação que possuem, o que demonstra uma total descrença na existência de uma virtude que caracteriza maravilhosamente o homem em seu aspecto social.

Diante dessa distorção do conceito de amizade, e também, devido ao ceticismo quanto à possibilidade de sua existência, torna-se necessário descrever aqui a essência dessa virtude. Talvez lendo este artigo, o leitor possa identificar-se numa relação de verdadeira amizade, e assim, concluir pela sua faticidade. Ou, o que é pior, possa descobrir-se numa relação artificial, aparentemente de amizade, mas baseada em fatores outros tais como: o mero interesse, a bajulação, a utilidade, o prazer,etc. É possível também que mesmo persista  no seu ceticismo, depois da leitura do que a define e a caracteriza, por considerá-la uma ideal elevado demais.

DEFINIÇÃO DE AMIZADE

A amizade, em geral, significa a comunidade de duas ou mais pessoas ligadas por atitudes concordantes e por afetos positivos. Segundo Aristóteles, em sua obra Ética a Nicômaco, a amizade é o que há de mais necessário à vida, já que os bens que a vida oferece, como riqueza, poder, etc, não podem ser conservados nem usados sem os amigos. A amizade deve ser distinguida das duas coisas com as quais parece ter mais afinidade: amor e benevolência. Distingue-se do amor porque este é semelhante a uma afeição; a amizade a um hábito. De tal modo que o amor também pode dirigir-se a coisas inanimadas, ao passo que corresponder ao amor, que é próprio da amizade implica uma escolha que provém de um hábito. Além disso, o amor é acompanhado por excitação e desejo, que são estranhos à amizade; além disso, diferentemente da amizade, é provocado pelo prazer causado pela vista da beleza. A amizade distingue-se também da benevolência porque esta também pode dirigir-se a desconhecidos e permanecer oculta: o que não acontece com a amizade.

A amizade é, certamente, uma comunidade no sentido de que o amigo se comporta em relação ao amigo como em relação a si mesmo. Ela é tão mais forte quanto mais coisas comuns houver entre iguais. Há também tantas amizades quantas são as formas do amor: entre pai e filho, entre jovem e velho, entre marido e mulher.

A amizade fundada na utilidade ou no prazer está destinada a acabar quando o prazer ou a utilidade cessarem, a amizade fundada no bem é a mais estável e firme, portanto a verdadeira amizade. Essa análise de Aristóteles, a mais completa e bela que em filosofia já se fez sobre o fenômeno da amizade, apóia-se nos seguintes pontos:

Assim, segundo Aristóteles, a amizade é mais ampla do que o amor, que é limitado e condicionado pelo prazer da beleza. E é diferente do amor pelo seu caráter ativo e seletivo,pelo que Aristóteles diz que o amor é uma afeição, isto é, uma modificação sofrida, ao passo que a amizade é um hábito (assim como hábito é a virtude), isto é, uma disposição ativa e compromissiva da pessoa.

Na verdadeira amizade o amigo é visto como uma espécie de alter ego, ou seja, o amigo é visto como uma espécie de "outro si". É preciso estabelecer se o amigo é visto a partir de mim como um segundo eu. Se esse modo de amar não servir de modelo à amizade, jamais se poderá ser um verdadeiro amigo, pois um amigo verdadeiro é para o seu amigo um segundo ele próprio. Aqui a amizade aparece como uma transferência de mim ao outro.

A amizade é um sentimento de certa forma desinteressado. A questão não é só de benefício ou de benevolência recíprocos, mas de um bem que se quer ao outro em virtude do que ele é por si.

CONCLUSÃO

Certamente alguns continuarão a duvidar da existência de uma amizade verdadeira, por considerá-la um relação impossível nesta sociedade corrompida. É elevada e nobre demais para materializar-se entre os degenerados seres humanos. Um outro terá a sua convicção fortalecida a respeito da possibilidade de sua realização entre os mortais. O autor deste artigo, por sua vez, continua depositando sua esperança na capacidade que o homem tem de eleger alguém como o seu outro e cantar com Milton Nascimento: "Amigo é coisa para se guardar. Debaixo de sete chaves. Dentro do coração".

Também não se pode discordar do que diz as Sagrada Escrituras:

"O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão." (Provérbios 18:24).

Oportuno lembrar também o maior exemplo de amizade registrado na Bíblia e que infelizmente tem sido mal interpretado por mentes perversas:

Sucedeu que, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como a sua própria alma. (I Samuel 18.1)

Aqui surge novamente a pergunta que no início foi feita: Como é possível ser feliz sem ter amigos?

Viva à amizade.

Bibliografia:

Ética a Nicômaco, Aristóteles
Dicionário de Ética  e Filosofia Moral - Canto-Sperber, Monique
Dicionário de Filosofia - Abbagnano, Nicola
Bíblia Sagrada

Entre os inúmeros fenômenos da vida social, existem aqueles que são denominados de "processos sociais". Processo é o nome que se dá à contínua mudança de alguma coisa em uma direção definida. Processo social indica interação social, movimento, mudança. Os processos sociais são as diversas maneiras pelas quais os indivíduos e os grupos atuam uns sobre os outros isto é, de que forma eles se relacionam, estabelecendo interações sociais.

A intenção deste texto será demonstrar que esses cincos processos também acontecem no interior de uma igreja. Eles não acontecem somente na esfera mundana, secular; podem ser testemunhados na vida de qualquer comunidade cristã.

Cooperação: A cooperação é a forma de interação social na qual diferentes pessoas, grupos ou comunidades trabalham juntos para um mesmo fim. Uma festividade de igreja, por exemplo, acontece graças à cooperação entre os crentes. As irmãs preparam os salgados na cantina, o grupo de evangelismo distribui panfletos convidando a comunidade, os jovens decoram a igreja, o pastor da igreja convida os pregadores, um outro grupo prepara um peça teatral, etc.

Competição: A jovem que procura se destacar nos louvores, o rapaz que almeja tornar-se um ótimo pregador, o músico que busca ser solicitado para os solos da orquestra, estão todos envolvidos em uma competição. A competição é uma força que leva os indivíduos a agirem uns contra os outros, em busca de um "melhor lugar ao sol". A competição nasce da vontade de ocupar uma posição social mais elevada, de ter uma importância maior no grupo social. Não é inerentemente má. Os estudantes que lutam por uma vaga no vestibular, por exemplo, também estão envolvidos nesse processo. Como nem todos podem "subir"(pregador, cantor ou músico reconhecido), e alguns não conseguem atingir seus objetivos, pode ocorrer o sentimento de inferioridade. Esse sentimentos podem levar o indivíduo a reagir, a tentar se superar, como também pode levá-lo a uma depressão e a um desânimo ainda maiores.

Conflito: Quando a competição assume características de elevada tensão sobrevém o conflito, que é um fenômeno social básico porque, empenhando-se em conflitos, os homens procuram provocar mudanças. Comparando a competição e o conflito, podemos destacar o seguinte:

Dessa forma, a competição pode se transformar em um conflito. A competição é um fenômeno inconsciente e impessoal, ao passo que o conflito é consciente e pessoal.

Acomodação: Quando, num conflito, um dos adversários derrota o outro, o derrotado, para não correr o risco de ser totalmente liquidado, aceita as condições impostas pelo vencedor. Ocorre uma acomodação, pois o vencido aceita as condições impostas, ficando numa situação de subordinação. A escravização dos vencidos, comum na Antiguidade, é um caso típico de acomodação. Quando alguém cumpre uma lei ou segue um costume com os quais não concorda, só para evitar sanções, também se enquadra num caso de acomodação. A acomodação é o processo social em que o indivíduo ou grupo se ajusta a uma situação de conflito, sem que tenham sofrido transformações internas.

É incrível perceber como a acomodação está presente dentro das igrejas. Há igrejas que vivem sob dura cerviz, debaixo do comando egoísta, despótico de um pastor centralizador, rude e narcisista. Mas ninguém ousa opor-se a ele. O obreiro tem medo de "ir para geladeira" perdendo assim a oportunidade de pregar, o outro tem receio de perder a liderança de seu departamento, outro obreiro sente calafrios quando imagina a possibilidade de perder a liderança de sua congregação. Trata-se de uma situação em que todos se acomodam, apesar de insatisfeitos. Alguns chamam isso de sabedoria, obediência cristã, outros classificam como covardia.

Assimilação: A assimilação é a solução definitiva e tranquila de conflito social. Pela assimilação se suspendem os conflitos. Trata-se de um processo de ajustamento pelo qual os indivíduos ou grupos diferentes tornam-se mais semelhantes. Difere da acomodação porque implica em modificações internas no indivíduo ou grupo, sendo geralmente inconsciente e involuntária. As modificações internas envolvem, pois mudanças na maneira de pensar, de sentir e de agir.

O exemplo típico da assimilação é o do imigrante. Ele, que a princípio se acomodou no novo país, vai, sem perceber, se deixando envolver pelos símbolos, tradições e língua da nova pátria. Também há aqueles membros que com o passar do tempo acabam assimilando os costumes e as regras de uma determinada igreja, ligando-se simbioticamente à instituição religiosa à qual pertence. Isso pode ser bom ou ruim. É bom se o tal pertence a uma igreja séria, transparente, dirigida por um líder comprometido com o evangelho e que respeita as pessoas. É ruim caso o mesmo seja membro de uma igreja degenerada, infestada de falsas doutrinas e liderada por um mercenário. Em tal caso assimilação produz um zumbi sem vontade ou opiniões próprias.

Bibliografia: