AUTOR: CRISTIANO SANTANA
Deuteronômio 32:35: A mim me pertence a vingança, a retribuição, a seu tempo, quando resvalar o seu pé; porque o dia da sua calamidade está próximo, e o seu destino se apressa em chegar.
Levitico 19:18 Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR
Mateus 5:43-44 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem;
Mateus 5:38-40: 38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. 39 Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; 40 e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa.
Romanos 12:19-21: 19 não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. 20 Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. 21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.
Realmente é um equívoco afirmar que Deus fomenta a retaliação.
O princípio de que não devemos fazer justiça com as próprias mãos realmente permeia todas as Escrituras. A única exceção aparente é a figura do vingador de sangue, mas deve-se salientar que até esse vingador sofria as limitações da lei civil mosaica que instituiu cidades de refúgio para aqueles que tinham cometido homicídio acidental, involuntário, equivalente ao que a lei penal chama hoje de homicídio culposo. O olho por olho não era para ser praticado por qualquer um, mas só depois de um processo judicial.
Entretanto, é evidente que o homem, por sua própria natureza, tem manifestado forte oposição a esse princípio que proíbe a vingança. Isso pode ser constatado na literatura, na história, no cinema, na Bíblia, no sistema judicial americano e, atualmente, no próprio contexto evangélico.
Literatura: Um dos casos clássicos é o de Aquiles. Ele se vingou de uma forma terrível quando seu primo, Pátroclo, que havia se disfarçado com as suas vestes, fingiu ser ele, e foi morto pela lança de Heitor, bravo herói troiano. No embate entre Aquiles e Heitor, o grego se saiu melhor e matou o príncipe de Tróia, arrastando por volta da cidade por tres vezes, amarrado a seu carro. A vingança é um tema constante na literatura.
Outro forte exemplo do uso dessa temática é o romance "O Conde de Monte Cristo" (The Count of Monte Cristo) é a clássica história de Alexandre Dumas sobre um jovem inocente que errôneamente, mas deliberadamente, é preso, e de sua brilhante estratégia para se vingar daqueles que o traíram. O jovem e destemido marinheiro Edmond Dantes é um rapaz honesto e sincero, cuja vida pacífica e planos de se casar com a linda Mercedes são abruptamente destruídos quando Fernand, seu melhor amigo, que deseja Mercedes para ele, o trai. Com uma sentença fraudulenta para cumprir na infame prisão da ilha do Castelo de If, Edmond se vê aprisionado em um pesadelo que dura 13 anos.
Assombrado pelo curso que tomou sua vida, com o passar do tempo ele abandona tudo que sempre acreditou sobre o que é certo e errado, e se consume por pensamentos de vingança contra aqueles que o traíram. Com a ajuda de outro preso, Dantes planeja e é bem-sucedido em sua missão de escapar da prisão e se transforma no misterioso e riquíssimo Conde de Monte Cristo.
Com uma astúcia cruel, ele se envolve com a nobreza francesa e sistematicamente destrói os homens que o manipularam e o aprisionaram.
Cinema: Quem já viu Kill Bill, por exemplo, tem de se controlar para não sentir na boca o gosto da vingança. O filme nos traz uma mulher que busca vingar-se de um grupo de pessoas, marcando-as em uma lista e matando um por um. É uma obra que nos seduz e tenta fazer emergir em nós um sentimento de aprovação em relação aos assassinatos cometido por Beatrix Kidd (Uma Thurman).
História: O conflito secular entre os árabes e israelenses é um exemplo impressionante. Quando parece estar tudo em paz ocorre um ataque de um dos lados e esse, por sua vez, desencadeia um ciclo de retaliações recíprocas que demora a ser controlado.
Justiça Norte-Americana: Algo curioso é o fato de os Estados Unidos permitirem que parentes assistam à execução de criminosos que mataram seus entes queridos. Por que eles têm de assistir? Fica claro aqui a intenção do Estado de alimentar o sentimento de vingança. Os juízes e políticos daquele país deveriam consultar a Biblia, tão utilizada em juramentos, verificando assim, que isso não é biblicamente aceitável.
Bíblia: Um dos mais marcantes casos de vingança na Bíblia é aquele que envolveu a violação de Diná. Quando Diná tinha cerca de seis anos de idade, Jacó passou a habitar em Canaã, na cidade de Sucote. Diná havia nascido em Harã, quando seu pai ali morava. (Génesis 31:41) Perto do acampamento de Jacó e sua família ficava a cidade de Siquém. Era para lá que Diná se dirigia frequentemente para visitar as moças cananéias locais, que não partilhavam dos costumes religiosos dos descendentes de Abraão. Durante uma dessas visitas regulares, Siquém, filho de Hamor, o maioral, violou Diná. Siquém apaixonou-se por Diná e esta ficou em casa dele até que Simeão e Levi decidiram vingar sua irmã. Com um plano ardiloso, eles convenceram os homens de Siquém a efetuarem a circuncisão em troca da mão de Diná em casamento. Daí, enquanto os habitantes da cidade ainda estavam em convalescença, os dois irmãos atacaram a cidade e mataram todos os homens, incluindo Hamor e Siquém. Deve-se atender, aqui, ao princípio exegético que diz que o fato de uma determinação ação humana ter sido registrada nas Escrituras não implica, necessariamente, que Deus a tenha aprovado.
Evangélicos: Percebo que grande parte dos evangélicos, atualmente, rejeita o princípio da não retaliação, se não explícitamente, pelo menos tacitamente. Fico assombrado quando em um determinado culto ouço testemunhos de "irmãos" se vangloriando de que Deus matou com um câncer um determinado inimigo que o perseguia. Percebo o júbilo na face deles enquanto contam o caso. Esquecem o exemplo de Davi que lamentou profundamente quando soube da morte de Saul, seu inimigo mortal. Esquecem do mandamento que diz: "se o teu inimigo tiver fome dá-lhe de comer, se tive sede dá-lhe de beber". Esquecem que devemos abençoar e não maldizer aos nossos inimigos. Um dos motivos que me leva a acreditar que Cristo realmente existiu é que ninguém poderia inventá-lo pelo fato de seus ensinamentos se oporem completamente à natureza humana, que é inerentemente vingativa.
Infelizmente, o ensinamento sobre deixar a vingança para Deus - seja por ato próprio dele ou através do ajuizamento de uma ação judicial competente - é considerado uma piada de mau gosto pela maioria das pessoas, incluíndo muitos cristãos. Mais essa forte contradição entre o conceito divino e o humano é uma forte evidência, acompanhando Otto Borchert, de que o mandamento que está nas Escrituras é de origem celestial.
A Paz do Senhor irmão Pb. Cristiano.
Muito boa sua postagem, assunto pertinente e atual.
Agradeço por sua visita e comentário ao meu blog.
Em Cristo,
Ednaldo.
P.S.: Já coloquei o blog do irmão em minha lista de blogs. Pois o que é bom deve ser passado adiante.
Prezado irmão.
Obrigado pelo seu comentário.
Com certeza continuarei visitando o seu blog. Também são muito bons os assuntos lá abordados.
Cristiano