Cometemos um grande erro quando passamos a considerar os milagres como um fim em si.
Na verdade os milagres externos são um meio, isto é, têm um papel secundário:
1) Os milagres funcionam como autenticadores da mensagem bíblica.
2) A instrução bíblica voltada para o crescimento espiritual do homem tem a precedência, sendo superior em importância, quando comparada à realização de milagres.
Quanto ao primeiro ponto podemos escolher como exemplo a autoridade que Deus concedeu a Moisés para realizar milagres diante de Faraó. Todos os prodígios realizados por ele provaram ao povo de Israel que Deus o tinha enviado de fato e também foram essenciais para lançar o terror sobre Faráo, possibilitando, assim, a saída do Egito.
Contudo, no próprio Pentateuco, ficou evidente que a realização de milagres não tinha o poder absoluto de causar um comportamento obediente no povo de Deus. Basta lembramos que, pouco depois da travessia pelo Mar Vermelho, o povo já tinha saudade dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres e das cebolas (Nm. 11:5), despertando a ira de Deus.
Mais à frente, Moisés alertou claramente sobre a insuficiência dos milagres como selo autêntico da verdade:
Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador; porquanto o SENHOR, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o SENHOR, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma. (Deuteronômio 13:1,2)
Vê-se que Moisés reconheceu a possibilidade de realização de milagres através de homens iníquos. A única pedra de toque da verdade, capaz de aferir origem da mensagem profética, deveria ser a infalível Palavra de Deus.
Paulo ratifica esse pensamento, dizendo: "Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira" (2 Tess 2:9). Enfatiza-se, portanto, a supremacia da Palavra de Deus como padrão da verdade.
A pergunta se faz é a seguinte: será que todos os milagres que se realizam em eventos evangélicos, atualmente, são todos de procedência divina? Ou será que o inimigo já não está trabalhando com sinais de engano dentro da casa de Deus?
É triste constatar que, em muitas igrejas evangélicas, o anúncio da visita de um grande milagreiro é garantia certa de um templo superlotado. Os crentes não percebem que eles têm, em si mesmos, todos os recursos para se aproximar de Deus, por conta própria, e assim ter experiências pessoais, sem o intermédio de qualquer outra pessoa. Eles não entendem que, se quiserem, podem ter uma relação íntima com Deus, mais profunda do que a do suposto milagreiro. Mas são preguiçosos e querem a benção divina já mastigada em suas mãos.
Quanto ao segundo ponto a Bíblia também deixa patente que o desejo de Deus é muito mais que o seu povo cresça na graça e no conhecimento do que se extasie assistindo a espetáculos miraculosos, vivendo em função deles. Não se nega aqui a importância dos milagres. Cada cristão convertido tem uma história de milagres para contar, que contribuíram efetivamente para suas conversões. O cristão maduro, porém, passa a ter ciência de que nada é impossível para Deus e que ele é capaz de realizar prodígios inimagináveis, até fazer sumir e reaparecer o Universo sem que a humanidade perceba. O propósito passa a ser desenvolver a mente de cristã, adquirir aquela espiritualidade que só é possível através de anos de experiências práticas, de oração e de leitura da palavra de Deus.
O próprio Jesus colocava o ensino à frente da realização de milagres:
Ele, porém, lhes disse: É necessário que eu anuncie o evangelho do reino de Deus também às outras cidades, pois para isso é que fui enviado (Lucas 4:43)
E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades (Mateus 9:35)
Ora, tendo acabado Jesus de dar estas instruções a seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles. Mt. 11:1
Passava Jesus por cidades e aldeias, ensinando e caminhando para Jerusalém (Lucas 13:22)
Depois que o Senhor livrava as pessoas de seus males espirituais e físicos, Ele não perdia a oportunidade: ensinava a multidão que se aglomerava ao seu redor. Lembremos do sermão da montanha, das horas em que Jesus pregou em barquinho à beira do mar da Galiléia, dos ensinos nas sinagogas, dos debates com fariseus e saduceus. É mais do que evidente que o Senhor priozava o anúncio do Reino de Deus. Há momentos em que Ele proíbe àqueles que foram curados a revelação do milagre a outras pessoas. Jesus ocultava os seus milagres, mas revelava em alta voz e ao sol do dia toda a verdade de Deus. Isso ele não parava de fazer um só momento. Ele também deixou de realizar milagres quando provocado, pois sabia que milagres não quebram, necessariamente, corações duros.
Paulo, acompanhando o Espírito de Cristo, pronunciou um alerta a Timóteo que tem plena aplicabilidade na Igreja hodierna:
"Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios,Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios,pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência" (I Timóteo 4:1,2)
"Até à minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino" (I Timóteo 4:13)
Somente o cristão fundamento na Palavra de Deus será imune aos ventos de doutrina que se multiplicam, exponencialmente, a cada dia. Quanto termina um modismo, surge outro, e assim por diante.
Qualquer cristão conhece inúmeras pessoas que já experimentam o milagre de Deus mas depois se desviaram. E por que se desviaram? Porque não tinham raízes em si mesmas, não viviam o cristianismo em profundidade, através de meditação na Palavra de Deus e da oração. Certamente, muitos que foram curados por Jesus depois foram para o inferno, visto que o milagre realizado não significava acesso garantido ao céu.
Que o milagre seja desejado, afinal de contas, o próprio fato de se viver em novidade de vida é um milagre, mas coloquemos os milagres em seu lugar devido, funcionando como experiências enriquecedoras que nos inspire, acima de tudo, a buscar mais ao Senhor em oração, a ler a Sua Palavra e a viver em santidade. Não como fim, mas como meio.
Para onde iremos, só Jesus tem palavras de vida eterna. somos reconhecidos como dicipulos do Senhor Jesus se tivermos amor. Que Deus continue levantando homens,com autoridade na palavra apologética, para libertar aqueles que estaõ no engano. DEUS CONTINUE ABENÇOANDO, IRMAÕ CRISTIANO SEU LAR, FAMILIA, MINISTÉRIO
Irmão Laerte
Muito obrigado pelos comentários. Quando tiver um pouco de tempo disponível vou apresentar respostas ao seu comentário.
Muito obrigado mesmo
Cristiano