Por Cristiano Santana
O que era improvável na administração pública concretizou-se. A Lei de Acesso à Informação (12527/2011) entrou em vigor há alguns dias.
Ela obriga órgãos públicos federais, estaduais e municipais (ministérios, estatais, governos estaduais, prefeituras, empresas públicas, autarquias etc.) a oferecer informações relacionadas às suas atividades a qualquer pessoa que solicitar os dados.
Além dos gastos financeiros e de contratos, a lei garante que o cidadão acompanhe os dados gerais de programas, ações, projetos e obras.
Um pouco de reflexão é suficiente para concluirmos que as igrejas, apesar de serem pessoas jurídicas de direito privado, aproximam-se bastante do perfil de entidade pública. Elas não têm fins lucrativos, dependem de recursos financeiros provenientes dos cidadãos que as frequentam, existem para servir à comunidades, etc.
Levando-se em consideração essa proximidade entre igrejas e entidades públicas, a conclusão lógica - e moral - é que as igrejas deveriam seguir essa tendência de transparência, disponibilizando aos seus membros dados administrativos e financeiros, seja pela internet ou através de relatórios periódicos.
Infelizmente a realidade mostra que as igrejas não seguirão tão cedo o exemplo da Lei da Acesso à Informação. Seus dados financeiros, por exemplo, continuarão a ser acessados apenas por pessoas superprivilegiadas, os chamados "membros da diretoria". O argumento que visa dissuadir aqueles crentes que querem saber um pouco mais sobre as finanças da igreja continuará sendo esse: "A sua obrigação é apenas dar o dízimo. O que o pastor fará com o dinheiro é entre ele e Deus".
Espera-se, entretanto, que os cristãos atinjam esclarecimento suficiente para que entendam que acompanhar a administração da igreja não é uma opção, mas uma obrigação de cada membro, afinal de contas, cada um é co-administrador de recursos que não pertencem ao pastor, mas à comunidade.
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