A influência que determinadas crenças podem ter sobre as hipóteses científicas é algo notável. Isso é verdade não só no caso dos cientistas cristãos, mas também no caso dos cientistas ateus. As teorias destes quase sempre estão fundamentadas em pressupostos evolucionistas que procuram explicar tudo como resultado de um processo que se desenvolve através do puro acaso.
Hoje li a entrevista de Daniel Everett, famoso professor de linguística da Universidade Bentley, ex-missionário que virou ateu. Suas declarações podem podem ser encontradas na edição da Revista Veja de 7 de março. Ele contraria abertamente as teses de Noam Chomsky, dizendo que o dom da fala não é inato, mas produto das vantagens evolutivas da comunicação e dos valores culturais de cada povo.
Durante cinco décadas, os linguistas têm seguido a teoria da gramática universal, concebida por Chomsky. De acordo com essa teoria, a gramática e a linguagem são inatas ao ser humano e já vem programadas no cérebro. As estruturas cerebrais responsáveis pela fala estariam programadas para se desenvolverem por determinação genética.
Mas Everett diz que Chomsky não deve ser levado a sério. Afirma que nossas línguas são resultado de uma combinação de três fatores: a capacidade cognitiva do homem, a cultura dos povos e o que as sociedades querem comunicar. Ele compara a capacidade da fala a uma ferramenta que o homem de repente descobriu:
"Quando alguém empurra, por exemplo, um revólver, ocorre a ativação de determinadas regiões do cérebro cuja existência e função se devem a um ou mais genes. Isso não quer dizer que nascemos com um gene para o uso de armas. Significa apenas que nos valemos de nosso corpo e nosso cérebro para manipular essa ferramenta. O mesmo ocorre com a linguagem criada por nós, que foi desenvolvida com o uso da capacidade cerebral e corporal."
A linguagem teria sido descoberta por acaso:
No momento em que um homem raciocinou que o outro perto dele tinha uma mente igual, chegou à brilhante conclusão de que "ele pode me entender".
Realmente devemos dar razão ao apóstolo Paulo, quando diz que "dizendo-se sábios, tornaram-se loucos" (Romanos 1:22). A tentativa desse cientista em reduzir a complexidade da linguagem à mesma categoria de uma ferramenta, descoberta ao acaso, é absurda. Entretanto, até o revólver tem de ser projetado e fabricado, antes de ser usado. Quando pegamos um revólver sabemos exatamente qual a sua finalidade e a forma de manejá-lo. Ninguém descobre por acaso que ele serve para atirar. Semelhantemente, a complexa estrutura da fala já vêm pronta dentro de cérebro. Durante o seu desenvolvimento, a criança simplesmente a utiliza em sua interação com os adultos.
Chomsky aponta alguns argumentos fortes em defesa da sua teoria do inatismo da linguagem, sendo eles, o fato dos bebês terem a capacidade de produzir palavras ou frases que nunca ouviram antes. Se a aquisição fosse um processo meramente imitativo a criança não produziria essas mesmas frases. Assim como o fato de as crianças serem sistemáticas nos seus erros, se a criança estivesse apenas a imitar ela não deveria ser sistemática, nem manter-se assim durante um certo período do desenvolvimento. No entanto, outro fato que vai favorecer a hipótese inatista é de que as crianças nos seus erros já revelam conhecimentos gramaticais, por exemplo, a criança tem tendência a analisar um verbo como fazer, tratando-o como se fosse um verbo regular, e isto nunca lhe foi ensinado. Este fato só demonstra que “…os bebês sabem mais gramática do que se poderia pensar, apesar de este conhecimento ser inconsciente.” (Costa e Santos, 2003). Além disso os recém-nascidos respondem à linguagem de formas sofisticadas, e distinguem nos primeiros meses sons muito parecidos, o que não seria possível sem uma capacidade inata.
Enfim, é fato mais do que evidente que nossos cérebros são projetados, desde a concepção, para desenvolver estruturas cognitivas que possibilitem a linguagem. A teoria do ex-missionário é mais uma dessas invenções financiadas pelo evolucionismo darwinista.
Neste momento surge uma pergunta: Será que Everett advogava esse teoria da linguagem como simples ferramenta na época em que era missionário entre os índios da tribo piraã, na selva amazônica? Acredito que não. Esses delírios geralmente só acometem tais indivíduos a partir do momento em que eles se tornam discípulos do velho Darwin. A partir daí eles passam a tentar encaixar toda a realidade dentro de sua cosmovisão (religião) ateísta.
Você sabe que ligar a mudança de orientação religiosa à oposição dele às teorias de Chomsky não faz sentido nenhum, não? Até porque, apesar de ser de família de origem judaica, Chomsky é ateu e anarquista desde a infância.