Na semana passada, a presidente Dilma Roussef trocou o comando do Ministério da Pesca, aquela escrecência administrativa criada pelo ex-presidente Lula para acomodar aliados no primeiro escalão. Demitido do cargo de ministro pela segunda vez só neste governo, o petido Luiz Sérgio foi substituído pelo senador Marcelo Crivella, do PRB. A troca não era tema das conversas entabuladas, desde o ano passado, sobre mudanças na equipe ministerial. Também não teve o objetivo de aumentar a eficiência da máquina pública, como as mexidas até agora realizadas. 

O próprio Crivella admitiu que não conhece nada do setor pesqueiro, fazendo piada das próprias credenciais, disse que jamais colocou uma minhoca no anzol. Não faz diferença. O senador foi alçado à Esplanada por uma contingência política. Mais do que isso, por uma necessidade eleitoral, numa demonstração de que - apesar de prometer o contrário - a presidente da Repúlica mergulhará de cabeça para ajudar o PT a conquistar espaços na campanha municial deste ano.

Dilma nomeou Crivella de olho no apoio dos evangélicos. Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e sobrinho de Edir Macedo, o senador será o principal interlocutor do Palácio do Planalto com esse segmento. No curto prazo, ele pode ser decisivo para que Lula e o PT consigam conquistar a prefeitura de São Paulo. 

O governo quer que Crivella convença o PRB a desistir da candidatura de Celso Russomano, fechando aliança com o petista Fernando Haddad. Se isso não for possível, o governo quer que o ministro costure, pelo menos, uma política de boa vizinhança entre evangélicos e Haddad. O clima entre as partes azedou depois que o Ministério da Educação, ainda na gestão Haddad, planejou entregar aos alunos das escolas públicas um "kit gay", a fim de combater o preconceito. Em resposta à iniciativa, a Igreja Universal veiculou uma série de reportagens com críticas a Haddad. Dilma chegou a escalar o ministro Gilberto Carvalho para tentar selar um armistício. Como a ofensiva não deu certo, apelou para o Ministério da Pesca, que, enfim tem uma utilidade reconhecida.

Como é do conhecimento de todos, a psicóloga Marisa Lobo tem sido acusada pelo Conselho Federal de Psicologia de infringir o Código de Ética Profissional do Psicólogo por induzir convicções religiosas nas pessoas.   Após ter escrito um artigo sobre o assunto, naveguei em vários sites e percebi que o assunto tem sido tema de acirrados debates. O principal argumento daqueles que se opõem à psicóloga é que ela está "misturando" religião com ciência. Segundo eles, o psicólogo deve aplicar métodos de tratamento que estejam necessariamente embasados em conclusões científicas, repudiando, assim, qualquer tipo de valoração subjetiva no trato com o paciente. 

Eu estava quase me convencendo de que a censura foi justa, quando, subitamente, lembrei-me dos psicólogos espíritas, os quais, em tese, também aliam a religião à psicologia. E antes que me digam que o Espiritismo não é religião, o IBGE o considera como tal; portanto, para todos os efeitos, o CFP deve adotar a mesma classificação. 

Se o leitor fizer uma pesquisa no Google descobrirá uma quantidade enorme de psicólogos espíritas que adotam métodos de tratamento nada científicos. Ao contrário do que pensam, não estou aqui para acusar os profissionais espíritas, até porque creio que a psicologia clínica pode ser complementada por métodos alternativos, de natureza espiritual. Meu intuito aqui é apenas mostrar que podemos estar vivendo aquela famosa situação de "dois pesos e duas medidas". 

Reproduzirei abaixo, alguns textos que encontrei. O leitor poderá obter o mesmo resultado se fizer uma rápida busca no Google, com o termo "psicólogo e regressão".

"A regressão é uma técnica psicoterapêutica que pesquisa a consciência, e pode ser de dois tipos: Regressão à Infância e Regressão na Linha do Tempo. As duas técnicas estão incluidas num tratamento psicoterápico, que deve ser feito por um psicólogo especializado. Tem certa duração, que varia de pessoa para pessoa. "

"Por sua vez a Terapia da Linha do Tempo faz uma pesquisa mais ampla [em vidas passadas], investigando no inconsciente fatos do passado mais remoto. Esse tipo de terapia é importante por identificar um padrão de comportamento que seguimos repetindo sem cessar. "

"Neste trabalho terapêutico, a regressão poderá lhe levar as experiências, sensações e sentimentos da vida intra-uterina, dos primeiros anos de vida, às situações mais recentes e até mesmo às vidas passadas e à ancestralidade."

Vários desses sites estão repletos de artigos da doutrina espírita, inclusive com a foto de Divaldo Franco, uma das maiores autoridades espíritas do mundo.

Eu pergunto: O que a prática da regressão tem de científico?  Alguns dirão que a hipnose, procedimento no qual ocorre a regressão, é uma prática plenamente autorizada ao psicólogo.  Ainda que seja autorizada - algo que não concordo, pois não creio que a regressão tenha sido estabelecida como fato científico - o profissional poderia, no máximo retroceder à fase da infância do indivíduo. Agora, acessar vidas passadas, de outras reencarnações, é entrar em um campo que não tem o mínimo apoio da ciência.  É religião pura!

Assim, a reencarnação, dogma do espiritismo, está sendo utilizada para explicar e curar os mais variados distúrbios psicológicos. Vejamos o caso de um indivíduo que tem fobia do mar. Após uma sessão de regressão, ele pode descobrir que morreu afogado em outra vida. Isso então explicaria o motivo do seu medo.  É evidente, nesse caso, a completa fusão da ciência com a religião, da Psicologia com o Espiritismo.

O que dizer da existência do site da Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas? Já no "banner" principal da página podemos ler diversas citações do espírito Emmanuel, uma das entidades que se comunicavam com Chico Xavier. Eis a missão da ABRAPE: "Utilizar a psicologia e a visão espiritual como instrumentos de auto-conhecimento, potencializando o ser humano para realizar escolhas." Salvo engano, creio que os profissionais filiados a essa instituição têm desempenhado o ofício livremente, sem sanções do CFP.

Torno a dizer que não tenho nada contra a existência desses sites de psicologia espírita. Apenas clamo pela aplicação de um princípio de justiça. Que Marisa Lobo mereça a mesma tolerância que é dispensada aos psicólogos que utilizam princípios da doutrina espírita em seus consultórios. Se o Espiritismo pode cooperar com a Psicologia, por que não o Cristianismo?

A influência que determinadas crenças podem ter sobre as hipóteses científicas é algo notável. Isso é verdade não só no caso dos cientistas cristãos, mas também no caso dos cientistas ateus. As teorias destes quase sempre estão fundamentadas em pressupostos evolucionistas que procuram explicar tudo como resultado de um processo que se desenvolve através do puro acaso.

Hoje li a entrevista de Daniel Everett, famoso professor de linguística da Universidade Bentley, ex-missionário que virou ateu.  Suas declarações podem podem ser encontradas na edição da Revista Veja de 7 de março. Ele contraria abertamente as teses de Noam Chomsky, dizendo que o dom da fala não é inato, mas produto das vantagens evolutivas da comunicação e dos valores culturais de cada povo.

Durante cinco décadas, os linguistas têm seguido a teoria da gramática universal, concebida por Chomsky. De acordo com essa teoria, a gramática e a linguagem são inatas ao ser humano e já vem programadas no cérebro. As estruturas cerebrais responsáveis pela fala estariam programadas para se desenvolverem por determinação genética.

Mas Everett diz que Chomsky não deve ser levado a sério. Afirma que nossas línguas são resultado de uma combinação de três fatores: a capacidade cognitiva do homem, a cultura dos povos e o que as sociedades querem comunicar. Ele compara a capacidade da fala a uma ferramenta que o homem de repente descobriu:

A linguagem teria sido descoberta por acaso:

Realmente devemos dar razão ao apóstolo Paulo, quando diz que "dizendo-se sábios, tornaram-se loucos" (Romanos 1:22). A tentativa desse cientista em reduzir a complexidade da linguagem à mesma categoria de uma ferramenta, descoberta ao acaso, é absurda.  Entretanto, até o revólver tem de ser projetado e fabricado, antes de ser usado. Quando pegamos um revólver sabemos exatamente qual a sua finalidade e a forma de manejá-lo. Ninguém descobre por acaso que ele serve para atirar. Semelhantemente, a complexa estrutura da fala já vêm pronta dentro de cérebro. Durante o seu desenvolvimento, a criança simplesmente a utiliza em sua interação com os adultos. 

Chomsky aponta alguns argumentos fortes em defesa da sua teoria do inatismo da linguagem, sendo eles, o fato dos bebês terem a capacidade de produzir palavras ou frases que nunca ouviram antes. Se a aquisição fosse um processo meramente imitativo a criança não produziria essas mesmas frases. Assim como o fato de as crianças serem sistemáticas nos seus erros, se a criança estivesse apenas a imitar ela não deveria ser sistemática, nem manter-se assim durante um certo período do desenvolvimento. No entanto, outro fato que vai favorecer a hipótese inatista é de que as crianças nos seus erros já revelam conhecimentos gramaticais, por exemplo, a criança tem tendência a analisar um verbo como fazer, tratando-o como se fosse um verbo regular, e isto nunca lhe foi ensinado. Este fato só demonstra que “…os bebês sabem mais gramática do que se poderia pensar, apesar de este conhecimento ser inconsciente.” (Costa e Santos, 2003). Além disso os recém-nascidos respondem à linguagem de formas sofisticadas, e distinguem nos primeiros meses sons muito parecidos, o que não seria possível sem uma capacidade inata.

Enfim, é fato mais do que evidente que nossos cérebros são projetados, desde a concepção, para desenvolver estruturas cognitivas que possibilitem a linguagem. A teoria do ex-missionário é mais uma dessas invenções financiadas pelo evolucionismo darwinista.

Neste momento surge uma pergunta: Será que Everett advogava esse teoria da linguagem como simples ferramenta na época em que era missionário entre os índios da tribo piraã, na selva amazônica? Acredito que não. Esses delírios geralmente só acometem tais indivíduos a partir do momento em que eles se tornam discípulos do velho Darwin. A partir daí eles passam a tentar encaixar toda a realidade dentro de sua  cosmovisão (religião) ateísta. 

O dilema de Heinz é um dos mais tradicionais exemplos utilizados na filosofia moral por aqueles que defendem a teoria de que às vezes nos encontramos numa situação em que, qualquer que seja o modo de proceder, estaremos violando uma regra moral. Eis o dilema:

O caso acima efetivamente gera várias opiniões a respeito da ação desse homem, algumas tendendo para a justificação, outras para a reprovação de tal conduta.

O dilema de Heinz me fez lembrar de um outro, que propus aos meus alunos da Escola Bíblica Dominical. Um determinado cristão, filho único, recebeu o salário numa segunda-feira. Durante a semana efetuou o pagamento de todas as suas obrigações: conta de luz, água, prestações, etc. restando-lhe apenas o dinheiro do dízimo que pretende entregar no domingo. Ao chegar a sexta-feira, ele recebe a notícia de que a sua mãe foi para o pronto-socorro com princípio de acidente vasculhar cerebral, popularmente conhecido como derrame. Ele imediatamente conclui que esse fato inesperado geraria uma série de despesas. Primeiramente toma conhecimento de que o médico prescreveu vários remédios caros. Em razão da inequação do transporte público, sua mãe terá de voltar para casa de táxi. O trajeto é longo e conta será alta. Além disso, ele terá de comprar alimentos pouco calóricos para sua mãe e outros produtos dietéticos, cujos preços  são menos atrativos do que os preços de produtos comuns.

E agora?