Por Cristiano Santana
Foi através de sua famosa frase que Descartes, o pai do racionalismo, entrou para a História: “Penso, logo existo”. Os dois termos dessa proposição conectam-se através de uma idéia explicativa. O filósofo concluiu que podia ter certeza de que existia porque pensava. Desse modo o pensamento passou a figurar como uma espécie de evidência da existência.
Por muitos séculos o pensamento predominante foi que a existência de alguma forma dependia de algum fundamento ou essência imaterial. Para alguns, essa “essentia” era a alma, para outros era a própria racionalidade; enfim, era algo intangível sem nenhuma vinculação com o mundo material. Sentia-se fortemente a influência dessa mentalidade no modo de vida do homem antigo e medieval, que geralmente preferia uma vida simples, impregnada por uma atmosfera espiritual e familiar, a uma vida próspera financeiramente.
Ironicamente, devido a uma intensa influência hedonista e materialista, a sociedade pós-moderna inverteu completamente essa escala de valores, pois agora os seus membros tem valorizado muito mais os aspectos materiais da existência, e relegado ao segundo plano o cultivo de todas aquelas virtudes que realmente dão sentido à vida e que vinculam-se à verdadeira essência da existência: amor, amizade, companheirismo, contentamento, simplicidade, etc.
Essa mudança drástica e radical no modo de pensar reflete-se claramente no estilo de vida do homem hodierno, através da valorização do “ter” em detrimento do “ser”. Cada vez mais, despreza-se aquilo que está no interior – a fonte da vida – e valoriza-se aquilo que é exclusivamente exterior, a posse de bens materiais que costuma afundar o homem em uma sucessão de abismos profundos, devido a sua constante e incansável busca pela satisfação. Ao invés de dizer “penso, logo existo” os escravos modernos dizem: “consumo, logo sou”.
Tenta-se incutir na mente do indivíduo que ele só será alguém ou merecerá o respeito dos outros na medida em que adquirir bens duráveis ou de consumo. E o instrumento que intensifica essa ilusão perversa é a chamada indústria cultural que se utiliza de todos os meios possíveis para incentivar o consumo: revistas, televisão, cinema, “outdoors”, etc. A cada ano são despejados bilhões de produtos no mundo inteiro que funcionam como drogas para os viciados consumistas, ávidos por cada novidade que é lançada no mercado, haja vista as longas filas que se formam à porta das lojas.
É flagrante, também, a influência da sociedade de consumo sobre os evangélicos. O que se oferece, hoje em dia, nas igrejas e nos canais evangélicos não é algo espiritual que traga benefícios para a alma, isto é, a salvação. O que se faz é a propaganda de um produto que tem preço: a prosperidade financeira. Agora o crente pode utilizar até cartão de crédito para pagar e receber a benção prometida. Na verdade a maior parte das atividades eclesiais transformou-se em um grande comércio, à semelhança dos vendilhões do templo, na época de Jesus Cristo.
Um dos pensadores que mais profundamente falou sobre esse tema foi Eric Fromm, em seu livro “Ter ou Ser?”. A cultura vigente na atualidade, privilegia o ter em detrimento do ser. A impressão que fica é que a essência de ser é ter. Aliás o autor afirma que a distinção entre ser e ter, representa o problema mais crucial da existência humana:
“Ter e ser são dois modos fundamentais de experiência, cujas respectivas forças determinam as diferenças entre os caracteres dos indivíduos e vários tipos de caráter social.” (Fromm, p. 36)
É interessante observar como o estilo da fala pode denotar o grau de alienação inconsciente sobre esse assunto:
“Ao dizer ‘tenho um problema’, em vez de ‘estou perturbado’, a experiência subjetiva é eliminada: o eu da experiência é substituído por uma expressão impessoal relacionado com posse: ‘existe um problema que eu tenho’. Neste caso, transformei minha experiência, meu sentimento pessoal em alguma coisa que eu possuo: o problema.”
A sociedade aquisitiva tem como direitos intransferíveis do indivíduo adquirir, possuir e obter lucro. Isso demonstra a capacidade dos que possuem da exclusividade sobre a sua propriedade e a prerrogativa de excluir as demais pessoas do uso ou desfrute dos seus bens.
“Adquirir, possuir e obter lucro são os direitos sagrados e inalienáveis do indivíduo na sociedade industrial. O que sejam as fontes da propriedade não importa; nem a posse impõe obregações aos proprietários.” (Fromm, p. 81)
O autor defende que os seres humanos tem uma ânsia inerente de ser; exprimindo a faculdade de serem ativos, ao relacionarem-se socialmente, e ao fugirem à prisão do egoísmo:
“A necessidade de dar e participar, bem como a disposição a fazer sacrifícios por outros, ainda é encontrada em alguns membros de certas profissões…” (Fromm p. 109)
Segundo Fromm, a construção de uma nova sociedade exige entre outras resoluções: o planejamento de uma alternativa à nomeada economia de livre mercado; opção frente ao crescimento ilimitado; criação de condições de trabalho que priorizem o homem no seu aspecto afetivo e psíquico; proporcionar segurança básica aos indivíduos sem torná-los dependentes de uma burocracia.
É preciso haver um trabalho de conscientização que conduza a sociedade novamente ao modo de existência que valorize o “ser”. Há o receio, porém, de que a humanidade entrou em um caminho de autodestruição do qual não há mais retorno.
DE QUE ADIANTA O HOMEM GANHAR O MUNDO E PERDER SUA ALMA? (JESUS CRISTO)
Foi através de sua famosa frase que Descartes, o pai do racionalismo, entrou para a História: “Penso, logo existo”. Os dois termos dessa proposição conectam-se através de uma idéia explicativa. O filósofo concluiu que podia ter certeza de que existia porque pensava. Desse modo o pensamento passou a figurar como uma espécie de evidência da existência.
Por muitos séculos o pensamento predominante foi que a existência de alguma forma dependia de algum fundamento ou essência imaterial. Para alguns, essa “essentia” era a alma, para outros era a própria racionalidade; enfim, era algo intangível sem nenhuma vinculação com o mundo material. Sentia-se fortemente a influência dessa mentalidade no modo de vida do homem antigo e medieval, que geralmente preferia uma vida simples, impregnada por uma atmosfera espiritual e familiar, a uma vida próspera financeiramente.
Ironicamente, devido a uma intensa influência hedonista e materialista, a sociedade pós-moderna inverteu completamente essa escala de valores, pois agora os seus membros tem valorizado muito mais os aspectos materiais da existência, e relegado ao segundo plano o cultivo de todas aquelas virtudes que realmente dão sentido à vida e que vinculam-se à verdadeira essência da existência: amor, amizade, companheirismo, contentamento, simplicidade, etc.
Essa mudança drástica e radical no modo de pensar reflete-se claramente no estilo de vida do homem hodierno, através da valorização do “ter” em detrimento do “ser”. Cada vez mais, despreza-se aquilo que está no interior – a fonte da vida – e valoriza-se aquilo que é exclusivamente exterior, a posse de bens materiais que costuma afundar o homem em uma sucessão de abismos profundos, devido a sua constante e incansável busca pela satisfação. Ao invés de dizer “penso, logo existo” os escravos modernos dizem: “consumo, logo sou”.
Tenta-se incutir na mente do indivíduo que ele só será alguém ou merecerá o respeito dos outros na medida em que adquirir bens duráveis ou de consumo. E o instrumento que intensifica essa ilusão perversa é a chamada indústria cultural que se utiliza de todos os meios possíveis para incentivar o consumo: revistas, televisão, cinema, “outdoors”, etc. A cada ano são despejados bilhões de produtos no mundo inteiro que funcionam como drogas para os viciados consumistas, ávidos por cada novidade que é lançada no mercado, haja vista as longas filas que se formam à porta das lojas.
É flagrante, também, a influência da sociedade de consumo sobre os evangélicos. O que se oferece, hoje em dia, nas igrejas e nos canais evangélicos não é algo espiritual que traga benefícios para a alma, isto é, a salvação. O que se faz é a propaganda de um produto que tem preço: a prosperidade financeira. Agora o crente pode utilizar até cartão de crédito para pagar e receber a benção prometida. Na verdade a maior parte das atividades eclesiais transformou-se em um grande comércio, à semelhança dos vendilhões do templo, na época de Jesus Cristo.
Um dos pensadores que mais profundamente falou sobre esse tema foi Eric Fromm, em seu livro “Ter ou Ser?”. A cultura vigente na atualidade, privilegia o ter em detrimento do ser. A impressão que fica é que a essência de ser é ter. Aliás o autor afirma que a distinção entre ser e ter, representa o problema mais crucial da existência humana:
“Ter e ser são dois modos fundamentais de experiência, cujas respectivas forças determinam as diferenças entre os caracteres dos indivíduos e vários tipos de caráter social.” (Fromm, p. 36)
É interessante observar como o estilo da fala pode denotar o grau de alienação inconsciente sobre esse assunto:
“Ao dizer ‘tenho um problema’, em vez de ‘estou perturbado’, a experiência subjetiva é eliminada: o eu da experiência é substituído por uma expressão impessoal relacionado com posse: ‘existe um problema que eu tenho’. Neste caso, transformei minha experiência, meu sentimento pessoal em alguma coisa que eu possuo: o problema.”
A sociedade aquisitiva tem como direitos intransferíveis do indivíduo adquirir, possuir e obter lucro. Isso demonstra a capacidade dos que possuem da exclusividade sobre a sua propriedade e a prerrogativa de excluir as demais pessoas do uso ou desfrute dos seus bens.
“Adquirir, possuir e obter lucro são os direitos sagrados e inalienáveis do indivíduo na sociedade industrial. O que sejam as fontes da propriedade não importa; nem a posse impõe obregações aos proprietários.” (Fromm, p. 81)
O autor defende que os seres humanos tem uma ânsia inerente de ser; exprimindo a faculdade de serem ativos, ao relacionarem-se socialmente, e ao fugirem à prisão do egoísmo:
“A necessidade de dar e participar, bem como a disposição a fazer sacrifícios por outros, ainda é encontrada em alguns membros de certas profissões…” (Fromm p. 109)
Segundo Fromm, a construção de uma nova sociedade exige entre outras resoluções: o planejamento de uma alternativa à nomeada economia de livre mercado; opção frente ao crescimento ilimitado; criação de condições de trabalho que priorizem o homem no seu aspecto afetivo e psíquico; proporcionar segurança básica aos indivíduos sem torná-los dependentes de uma burocracia.
É preciso haver um trabalho de conscientização que conduza a sociedade novamente ao modo de existência que valorize o “ser”. Há o receio, porém, de que a humanidade entrou em um caminho de autodestruição do qual não há mais retorno.
DE QUE ADIANTA O HOMEM GANHAR O MUNDO E PERDER SUA ALMA? (JESUS CRISTO)
Pegaram um atalho e nascemos nele. Mas Jesus nos salvará
Parabéns pela iniciativa do blog. Que este espaço sirva sempre para glorificar a Deus e conclamar os homens a servi-lo.
Aproveito para lhe convidar a conhecer o meu blog, onde vai encontrar artigos e videos cujo propósito é edificar vidas.
Estarei lhe seguindo aqui, e ficaria muito alegre se você também nos seguisse lá.
www.hermesfernandes.blogspot.com
Te espero lá!