Autor: Dr. Richard Buggs
Tradução:http://pos-darwinista.blogspot.com/
De 1964 a 2004, acreditava-se que os humanos eram quase idênticos aos macacos no nível genético. Dez anos atrás, nós pensávamos que a informação codificada em nosso DNA era 98.5% a mesma que codificava no DNA de chimpanzé. Isso levou alguns cientistas a afirmarem que os humanos eram simplesmente outra espécie de chimpanzés. Eles argumentavam que os humanos não tinham um lugar especial no mundo, e que os chimpanzés deveriam ter os mesmos ‘direitos’ que os humanos.
Outros cientistas adotaram uma opinião diferente. Eles disseram que é óbvio que nós somos muito diferentes dos chimpanzés em nossa aparência e estilo de vida: se nós somos quase que idênticos aos chimpanzés na nossa seqüência de DNA, isto simplesmente significa que a seqüência de DNA é o lugar errado de se verificar tentando entender o que é que faz os humanos diferentes. Por este ponto de vista, o número de 98.5% não mina o lugar especial dos humanos.
Em vez disso, mina a importância da genética no pensar a respeito do que significa ser humano.
Felizmente (tanto para o status dos seres humanos como para o status da genética) agora nós sabemos que o número 98.5% é muito enganador. Em 2005 os cientistas publicaram um rascunho de leitura da seqüência completa de DNA (genoma) de um chimpanzé. Quando isso é comparado com o genoma de um humano, nós encontramos grandes diferenças.
Para compararmos os dois genomas, a primeira coisa que nós devemos fazer é alinhar as partes de cada genoma que são semelhantes. Quando nós fazemos este alinhamento, nós descobrimos que somente 2.400 milhões das 3.164 milhões de letras do genoma humano se alinham com o genoma do chimpanzé — isto é, 76% do genoma humano. Alguns cientistas argumentaram que os 24% do genoma humano que não se alinha com o genoma do chimpanzé é o inútil DNA “lixo”. Todavia, parece que agora este DNA pode conter 600 genes que codificam proteínas, e codificam também moléculas de RNA funcionais.
Olhando detalhadamente a semelhança do chimpanzé em 76% do genoma humano, nós descobrimos que para fazermos um alinhamento exato, freqüentemente nós temos que introduzir lacunas artificiais ou no genoma humano ou no genoma do chimpanzé. Essas lacunas dão outros 3% de diferença. De modo que agora, nós temos uma semelhança de 73% entre os dois genomas.
Nas seqüências bem alinhadas nós agora descobrimos outra forma de diferença, onde uma única ‘letra’ é diferente entre os genomas humano e do chimpanzé. Essas letras fornecem outro 1.23% de diferença entre os dois genomas. Assim, o percentual de diferença está agora em torno de 72%.
Nós também encontramos locais onde os dois pedaços de genoma humano se alinham com apenas um pedaço do genoma do chimpanzé, ou dois pedaços do genoma do chimpanzé se alinham com um pedaço do genoma humano. Esta “variação de número de cópia” causa outra diferença de 2.7% entre as duas espécies. Portanto, a semelhança total dos genomas pode ser abaixo dos 70%.
Este número não inclui as diferenças na organização dos dois genomas. No presente, nós não podemos calcular totalmente uma diferença na estrutura dos dois genomas, porque o genoma humano foi usado como um modelo (ou “plataforma”) quando o rascunho do genoma do chimpanzé ainda estava sendo montado.
O nosso conhecimento dos genomas humano e de chimpanzé contradiz a idéia de que os humanos são 98% idênticos aos chimpanzés, e mina as implicações que foram tiradas daquele número. O número sugere existir uma imensa quantidade de pesquisas emocionantes ainda por ser feita em genética humana.
O autor é geneticista pesquisador na Universidade da Flórida.
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